Performances
2015


A SP-Arte inaugurou em 2015, como parte de sua programação curada, uma plataforma inédita dedicada à performance. A primeira edição contou com apresentações performáticas de Felipe Vasconcellos, Jorge Feitosa, Anna Leite, Luiza Oliveira, Anna Leite, Julia Cavazzini, Felipe Bittencourt, Leonardo Akio, Mylenne Signe e Victoria Pekny em diferentes espaços do Pavilhão da Bienal, durante todo o evento.

O setor foi criado em parceria com o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, coordenado por Cauê Alves, curador e doutor em Filosofia, teve curadoria de Juliana de Moraes (professora da Belas Artes) e Marcos Gallon (curador da Mostra de Performance Arte VERBO, na Galeria Vermelho).

Confira as fotos


Corpo fechado, de Felipe Vasconcellos

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O performer veste roupa que o cobre inteiramente com moedas, formando uma imagem dourada e brilhante. A obra expõe a reificação do corpo e seu valor de mercado em diferentes áreas, como a moda e o trabalho, passando também pela venda da experiência estética.


Desajuste, de Jorge Feitosa

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O artista veste terno preto, camisa branca, gravata e tênis. Ele caminha pelo espaço puxando, com uma corda amarrada em sua cintura, uma tábua de madeira a 5 cm do chão, sobre rodas, na qual uma jovem, vestindo malha cor da pele, deita-se encolhida de lado. A moça parece dormir, totalmente passiva. O performer cuida para que a jovem não caia do carrinho, às vezes ajeitando-a no meio do percurso. Jorge Feitosa discute o peso e o amor de carregar seu lado feminino.


Diálogos silenciosos, de Anna Leite

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A performer, trajando vestido de algodão cru, age sobre instalação formada por chão de lona branca (6 x 10 m), varais de fio de aço, mesa redonda de madeira ao centro, talheres e louças, cestos de vime cheios de cabelos e diversas vasilhas com mel, melado e glucose. Durante horas, a artista junta tufos de cabelo com mel/melado/glucose e pendura a mistura nos varais. Aos poucos, a gravidade puxa os pedaços de massa para o chão. O vestido da performer, assim como o chão, os varais e os utensílios, vai se manchando com os materiais que ela junta, sempre em gestos simples, com as mãos.


Donas, sete histórias impessoais, de Márcio Moreno

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Vestindo macacão de trabalho amarelo e portando uma mala preta, o performer entra no espaço previamente construído com diferentes nichos formados por caixotes de madeira e objetos, além de uma mesa de madeira retangular no centro. Ele se senta e liga o iPod já posicionado sobre a mesa. Escuta-se gravação de uma senhora contando evento autobiográfico; a seguir, o artista executa uma ação no espaço que remete à fala da senhora, distorcendo-a sutilmente. Com movimentos meticulosamente estudados, repete-se o gesto de escutar uma gravação e executar uma ação similar até que a narrativa se torne cada vez mais absurda.


Eu sou você, de Merien Rodrigues

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A artista entra no espaço vestida com calça e blusa pretas e portando um grande guarda-chuva preto fechado. Ela
se coloca sob um cone pendurado no teto, abre o guarda-
-chuva, coloca-o sobre sua cabeça e puxa uma corda fina que pende do cone. Areia começa a escorrer sobre o guarda-chuva, que a artista manipula em círculos sobre sua cabeça. Os grãos acumulam-se ao redor de seu corpo, formando um círculo branco sobre o chão escuro. Quando a areia termina, a performer caminha para o cone à frente e repete a mesma ação, e assim sucessivamente. No final, ela deixa o espaço e a instalação fica com os círculos de areia desenhados no chão.


Feito à mão, de Luiza Oliveira

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A performer leva a grande trama de tricô, feita com os braços, pelos corredores da Feira, até a arena. Ela continua a tecer até o encerramento do evento.


A herança do silêncio, de Anna Leite

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A performer veste uma grande saia branca estendida circularmente ao redor de seu corpo, sobre a qual se encontram várias xícaras antigas vazias. Ela se abaixa e puxa muito lentamente o tecido, até que uma xícara fique ao seu alcance. A artista pega um dos muitos bules ao seu redor e serve café na xícara, repetindo a mesma ação até que toda a saia tenha sido puxada para perto do seu corpo. A seguir, a performer se levanta e caminha para fora do espaço puxando, com muito esforço, a saia com todas as xícaras e bules, que se quebram e derramam o café pelo chão. Anna continua, nesta obra, sua pesquisa sobre atividades femininas em extinção.


Identidades, de Julia Cavazzini

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Sobre uma mesa encontram-se uma máquina de escrever e muitos papéis que imitam rgs. A performer monta, na hora, documentos para os espectadores. Todas as informações são inventadas de acordo com a imaginação da artista, inclusive alguns traços da personalidade. O documento é entregue ao espectador.


Palhaço ergométrico, de Felipe Bittencourt

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O performer, usando maquiagem e nariz de palhaço, senta-se em bicicleta ergométrica posicionada no centro do espaço. Ele deve andar no aparelho até que toda a maquiagem escorra pelo suor.


Parábola, de Leonardo Akio

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O objeto performático consiste em longa haste de ferro com suporte para o corpo. A ponta do objeto é colocada na quina entre a parede e o chão, e os performers usam o peso de seus corpos para vergar a linha de ferro. À altura dos quadris, o prolongamento entre objeto e pernas forma uma parábola.


Psico-retrato, de Tatiana Schmidt

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A artista se senta em prateleira a 2 m do chão vestindo figurino preto que oculta o rosto e os braços. Quatro pernas (preenchidas com espuma) saem de sua bacia e se prolongam em direção ao chão, enroscando-se umas sobre as outras. Imóvel, seu corpo parece o de um boneco, a não ser nos pequenos movimentos de respiração e correção de postura.


Reconhecer-se, de Mylene Signe

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A performer entra em espaço preparado com uma cadeira de madeira, mesa branca, bacias com água e tigelas com pedaços de gaze engessada. Ela se despe, senta-se e engessa a frente de seu corpo dos pés até o pescoço. Após alguns minutos, com movimentos sutis, ela desgruda o molde de si, levanta-se da cadeira, veste-se e sai do espaço, deixando sentada a imagem de seu corpo em gesso.


Reflexos – Ensaio sobre o vazio, de Felipe Vasconcellos

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O performer veste roupa formada por pequenos espelhos, cobrindo inclusive seu rosto, suas mãos e seus pés. Ele caminha lentamente por espaços internos e externos, prédios e parques, colocando-se perto dos transeuntes, sem nunca falar. As reações dos espectadores são as mais diversas, do encantamento à repulsa, do riso à agressão.


Vociferação itinerante, de Victoria Pekny

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A performer, sentada numa cadeira, mergulha uma caneta de bico de pena em sua boca cheia de nanquim e, a seguir, escreve sobre seu rosto. O gesto se repete inúmeras vezes, e seus traços criam manchas gráficas na superfície da pele com pedaços de palavras e linhas sobrepostas. A mesma ação é executada mergulhando a caneta em diferentes orifícios do rosto, como nariz e orelha.