SP–Arte recebe 36 mil visitantes e doações de obras a museus e instituições batem recorde

11 abr 2019

A 15ª edição da SP–Arte, que aconteceu de 3 a 7 de abril no Pavilhão da Bienal, contou com a participação de 164 expositores de arte e design, advindos de quatorze países. Por meio da apresentação de cerca de dois mil artistas, o Festival atraiu mais de 36 mil pessoas durante os cinco dias de evento – recorde de público ao longo desses quinze anos. Com resultados encorajadores, SP-Arte confirma presença no calendário cultural do próximo ano e recebe a 16ª edição de 1 a 5 de abril, 2020.

“Em uma edição tão especial para nós, celebrando quinze anos, a SP-Arte superou todas as expectativas. Muitas galerias ultrapassaram suas metas de vendas e o balanço foi realmente positivo. Além disso, registramos um recorde de público, com mais de 35 mil visitantes, um reflexo de como a SP-Arte se consolida a cada ano como uma importante plataforma de fomento à cultura e às artes visuais no Brasil”, pontua Fernanda Feitosa, fundadora e diretora da SP–Arte.

Nesta 15ª edição, a SP–Arte também bateu recorde com seu programa de doações, em que artistas, galerias e colecionadores privados adquirem obras para em seguida doá-las a acervos de relevância nacional. Em 2019, foram cerca de setenta obras doadas, em comparação às cerca de vinte do ano passado. “Entre as doações, uma delas foi promovida pela própria SP–Arte, que adquiriu a performance de Cristiano Lenhardt (Fortes D’Aloia e Gabriel), doando-a à Pinacoteca de São Paulo. Masp, MAM e MAR foram outras das instituições contempladas pelo programa como um todo”, afirma Fernanda. Obras de artistas renomados como Claudia Andujar (Vermelho), José Bento (Galeria Millan), Melvin Edwards (Alexander Gray Associates), Artur Lescher (Nara Roesler), Waldemar Cordeiro (Luciana Brito Galeria) e Sônia Andrade (Atena Contemporânea) estão entre a lista de doações.

O sucesso comercial do Festival também superou as expectativas. Entre as galerias nacionais que salientam a SP–Arte 2019 está a Bergamin & Gomide, que comercializou obras valiosas de artistas como León Ferrari, Celso Renato, Maria Leontina, Hélio Oiticica e Robert Rauschenberg. “Sempre temos ótimos resultados durante a SP-Arte, mas este ano foi muito além. Sem dúvida alguma, foi a nossa melhor, superando muito nossas expectativas”, afirma Antonia Bergamin. Presente no setor Geral, no setor Masters, com Maria Leontina, e no Design, com Porfírio Valadares, a galeria realizou vendas importantes durante os cinco dias de evento.

Galerias como Mendes Wood DM, Fortes D’Aloia & Gabriel, Galeria Millan e Almeida & Dale comemoraram ainda a procura por célebres artistas modernos e contemporâneos, como Tarsila do Amaral, Tunga, Sonia Gomes, Ernesto Neto e Rubem Valentim. “A SP–Arte foi fundamental para o desenvolvimento da cena artística contemporânea em São Paulo nos últimos quinze anos. Estamos na Feira desde as primeiras edições e é interessante ver como galerias, feiras e instituições podem se unir para criar uma poderosa paisagem criativa”, afirma Alexandre Gabriel, sócio-diretor da Fortes D’Aloia & Gabriel.

Antônio Almeida, sócio-diretor da Almeida e Dale, comenta a 15ª edição. “Ficamos surpresos com a presença de muitos colecionadores latino-americanos, mais forte do que nas edições anteriores. Vieram colecionadores, conhecedores e grande apreciadores da arte brasileira”, pontua. A galeria vendeu três obras importantes, entre as quais um estudo do Abaporu, de Tarsila do Amaral, e um conjunto de quadros de Wesley Duke Lee.

Além das mais relevantes galerias nacionais, a SP–Arte reuniu nomes influentes do mercado de arte mundial. As presenças de participantes como David Zwirner (Nova York), Lisson Gallery (Londres), Galleria Franco Noero (Turim), Galleria Continua (San Gimignano), Elba Benitez (Madrid) e Alexander Gray (Nova York) reforçaram a posição do Festival como a principal plataforma internacional de arte e design na América Latina. “Ficamos felizes em ter participado da SP-Arte pelo sétimo ano consecutivo, animados por mais uma vez conhecer e interagir com novos colecionadores de São Paulo e de toda a América Latina”, afirma Greg Lulay, sócio da David Zwirner. Entre os trabalhos vendidos pela galeria, constam as importantes obras de Josef Albers e Carol Bove, artista que participará da próxima Bienal de Veneza, em maio.

 

Doações

Quando os acervos das instituições crescem, a cultura nacional sai fortalecida. Sob esta premissa, a SP–Arte aposta em seu programa de doações que, nesta edição, teve participação recorde. Importantes colecionadores, inclusive mais jovens, doaram cerca de setenta obras de destaque para museus brasileiros.

O museu carioca recebeu obras de artistas renomados e emergentes, a exemplo de Waldemar Cordeiro, Artur Lescher, Caio Reisewitz, Thiago Martins de Melo, Jaime Lauriano, Élle de Bernardini e Giovani Caramello. O MAM, por sua vez, recebeu um conjunto de onze obras que serão integradas a seu acervo, das quais se destacam uma instalação de Laura Vinci, vídeos por Letícia Parente e Regina Vater e fotografias de Claudia Andujar.

Entre as doações à Pinacoteca de São Paulo, registra-se um trabalho de Randolpho Lamonier, destaque do setor Solo – focado em artistas latino-americanos –, obras de Lenora de Barros e Solange Pessoa, além de uma aquisição realizada pela própria SP–Arte: a da performance Atoritoleituralogosh, de Cristiano Lenhardt (Fortes D’Aloia & Gabriel), escolhida pela equipe curatorial do museu entre as seis performances apresentadas durante o Festival no Pavilhão da Bienal. A iniciativa teve como intuito reforçar a inserção deste tipo de expressão artística nas instituições.

Ao Masp, chamou atenção a doação de uma obra de Melvin Edwards, feita pelo próprio artista, representado pela galeria Alexander Gray, de Nova York.

 

Instituições e aquisições

Neste ano, a SP–Arte também recebeu importantes colecionadores e curadores estrangeiros. “Estamos muito felizes por ampliar a presença de fortes instituições dentro da Feira: representantes da Tate, MFAH, MCA Chicago e Malba estiveram no evento à procura de obras para ampliar seus acervos e suas compras se concretizaram”, afirma Fernanda Feitosa.

Fundador e presidente do Malba, Eduardo Constantini, adquiriu uma série do peruano Fernando Bryce (espaivisor, Espanha), um dos destaques do setor Solo e duas obras da brasileira Rivane Neuenschwander (Fortes D’Aloia e Gabriel, São Paulo). Curador de Arte Latino-americana da Tate Modern, Inti Guerrero adquiriu, por sua vez, um vídeo da Analívia Cordeiro (Aninat Galería, Chile) apresentado no setor Masters.

De Ribeirão Preto, no interior do Estado, o Instituto Figueiredo Ferraz adquiriu um trabalho da artista renomada, Dora Longo Bahia (Vermelho, São Paulo).

Também marcaram presença na Feira Madeleine Grynsztejn, diretora do Museu de Arte Contemporânea de Chicago, e Mari Carmen Ramirez, curadora-chefe do Departamento de Arte Latino-americana do Museu de Belas Artes de Houston.

 

Esculturas

Mais novo setor do Festival, o OpenSpace rompeu com o formato clássico dos estandes, levando uma série de esculturas e instalações selecionadas por Cauê Alves, curador-geral do MuBE, para a área externa do Pavilhão, possibilitando ao público em geral um contato mais abrangente com os trabalhos levados para a SP–Arte.

 

Design

Em sua quarta edição, o setor Design recebeu 45 expositores, divididos em cinco núcleos específicos: Moderno, Contemporâneo, Arquitetos, Designers Independentes e Antiquários. Ocupando o terceiro andar do Pavilhão da Bienal, o setor mais uma vez destacou peças icônicas da história do mobiliário brasileiro – criações de nomes singulares da história do design nacional, como Joaquim Tenreiro, Sérgio Rodrigues, Lina Bo Bardi, Jorge Zalszupin e Zanine Caldas, assim como peças de designers contemporâneos como Jacqueline Terpins, Sollos por Jader de Almeida, Hugo França.

“Esta foi a edição de consolidação do setor Design, que cresceu em qualidade e também em número de expositores”, aponta Gerson de Oliveira, diretor da ,Ovo. “Esse movimento refletiu-se no aumento visível de público. Poder realizar lançamentos durante a SP-Arte é, sem dúvida alguma, uma oportunidade ímpar, pois atingimos muitos profissionais de uma só vez, apresentando nosso trabalho para o mercado e ativando ainda o relacionamento com aqueles que já são clientes”, afirma.

Celebrando o centenário de um dos nomes mais importantes do design brasileiro, a exposição Ocupação Zanine Caldas reconstruiu o universo criativo do designer-arquiteto, apresentando móveis que faziam parte do seu estúdio, aproximando o público dos bastidores de sua criação.

Nos dois primeiros dias do Festival, a instalação Tempo, de Jacqueline Terpins atraiu a atenção daqueles que chegavam ao terceiro piso do edifício. “Desde 2016, ano de introdução do setor de Design na SP–Arte, participo e observo de perto o crescimento e a consolidação do diálogo que este encontro mundial promove entre as diversas expressões culturais na arte. Nesta edição, após três anos trazendo os meus trabalhos como designer, tive o prazer e a oportunidade de ocupar um espaço reeditando a instalação Tempo, originalmente exposta em 1995 na Galeria Nara Roesler, São Paulo” relata a designer.

 

Prêmios

Além do Prêmio Aquisição SP–Arte, que contemplou a performance de Cristiano Lenhardt com uma doação à Pinacoteca de São Paulo, outros dois prêmios foram oferecidos aos artistas participantes. Marcelo Moscheta (Vermelho) recebeu o Prêmio de Arte Marcos Amaro, ganhando uma bolsa no valor de R$ 50 mil. Além disso, o artista desenvolverá um projeto inédito de até R$ 45 mil, a ser exposto na Fábrica de Arte Marcos Amaro, em Itu, São Paulo, paralelamente à 16ª edição da SP-Arte.

Paul Setúbal (Andrea Rehder Arte Contemporânea) foi o vencedor do 7º Prêmio de Residência SP–Arte. O artista ganhará uma estadia de três meses na Delfina Foundation, em Londres, uma das principais organizações voltadas para residência artística no mundo.

 

Visitas guiadas

Outra atração que voltou a chamar atenção do público foram as visitas guiadas. Oferecidos gratuitamente com patrocínio da Vivo, os doze circuitos temáticos desenvolvidos por especialistas, como “Descolonizando a arte”, “Artistas afro-contemporâneos” “Arte-erótica”e “Arte-Texto”, tiveram todas as visitas lotadas e com lista de espera.

 

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