Editorial
A fotografia em livros experimentais: SP-Arte/Foto promove bate-papo sobre novas publicações
25 ago 2016, 20h33
Não é de hoje que os fotolivros ocupam lugar de destaque do mercado da fotografia contemporânea. Além de possibilitarem o acesso a obras de muitos fotógrafos, e ampliarem o alcance dos artistas, essas publicações promovem múltiplas possibilidades e saídas criativas.
Para colocar em discussão o fotolivro como suporte, além da relação dos criadores com essa linguagem, a SP-Arte/Foto/2016 promove no dia 27 de agosto (sábado), a partir das 17h, na Livraria da Vila do JK Iguatemi, o bate-papo A fotografia em livros experimentais.
Organizada pela artista e curadora independente Denise Gadelha, a conversa reúne os fotógrafos André Penteado, Gilberto Tomé, Letícia Lampert e Lucia Mindlin Loeb. Além de conversar entre si, o grupo estará aberto ao debate com o público.
Abaixo, confira depoimentos dos artistas sobre as obras que apresentam no bate-papo e quais as características que os diferenciam de livros tradicionais.
André Penteado, "Cabanagem" (imagem: divulgação)
André Penteado
“Apresentarei dois livros: Cabanagem, publicado em 2015, e Não estou sozinho, que saiu neste mês de agosto. Acredito que a diferenciação de meus projetos está na combinação entre temas escolhidos e utilização de uma fotografia direta, quase documental.
Os assuntos que escolho são complexos e, a princípio, difíceis de tratar fotograficamente. Bons exemplos são os dois citados, que foram transformados em livros.
Um lida com uma revolução que ocorreu há mais de 170 anos (Cabanagem) e o outro com o luto por suicídio (Não estou sozinho).”
Gilberto Tomé
“Destacarei basicamente dois trabalhos: Caderno-cartaz, produzido em 2007, e Livrocidade Água Preta, de 2014. Ambos são, antes de tudo, experiências gráficas de fusão entre dois ‘formatos’ ou ‘linguagens’: a do livro e a do cartaz.
Tratam-se de projetos de livros em grandes dimensões, cujas páginas apresentam-se dobradas em cadernos, porém soltas, sem grampos ou qualquer tipo de costura, e com certa autonomia de informação, com grandes imagens, como cartazes.
Essa fusão de livro e cartaz justifica-se pelo tipo de veiculação que geralmente faço após a edição: distribuindo-o como livro junto a escolas, bibliotecas e público interessado ou colando-o como cartazes de fato, no espaço público, em ruas ou demais lugares com maior circulação de pessoas. E a concepção desses livros-cartazes que vão ‘da estante à rua’ atrelam-se a seu tema comum: paisagem urbana e memória, lugares e afetos paulistanos.”
Letícia Lampert, "Escala de Cor do Tempo" (imagem: divulgação)
Letícia Lampert
“Vou mostrar as seguintes publicações: Escala de Cor do Tempo, Escala de Cor das Coisas, Entre, Manual Prático de Arquitetura e 拆 [chai]. De uma forma geral, os livros tradicionais de fotografia tendem a ser veículos para mostrar um ensaio.
Nos trabalhos que faço, eles não são veículo, são o trabalho em si. Às vezes o formato é desde o início o objetivo do projeto, como no caso das Escalas. Outras, ao pensar em dar ao trabalho a forma de livro, o que pode acontecer por diversas razões, esta articulação acaba agregando outros significados e leituras possíveis, transformando o projeto.
Acho que a principal diferença é essa busca por um formato que seja tão ligado ao conteúdo que acabe se transformando, ele próprio, em conteúdo também.”
Lucia Mindlin Loeb, "Abismo" (imagem: reprodução / Vimeo)
Lucia Mindlin Loeb
“Pretendo apresentar uma série de livros que tenho produzido independentemente. Eles fazem parte de uma pesquisa que usa o livro como um suporte tridimensional e escultórico como suporte para as imagens. Utilizo muito a repetição das imagens, furos, cortes, costuras manuais.
Muitas referências influenciaram e influenciam meu trabalho, o tempo todo. Muitos fotógrafos, artistas e gráficos. Cinema e literatura. Tudo pode ser alimento. Mas tem um livro que me deixou maluca quando eu vi: A Book of Books, de Abelardo Morell.
São fotografias em preto e branco, muito bonitas, de livros, lombadas, detalhes da página, do corte do papel, da textura, do volume, e da forma. Aquilo me chamou atenção para a escultura que um livro, ou vários livros juntos, podem ser.”
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