Editorial
Reportagem
Peter Halley no Brasil
Paula Nunes
11 nov 2021, 16h59
Peter Halley (1953, Nova Iorque, NY, EUA) usa imagens geométricas e digitais para criticar e chamar atenção às formas de controle da sociedade contemporânea. O artista, graduado na Universidade de Yale, onde foi diretor de Pós-Graduação em Pintura e Gravura, também é teórico e crítico de arte premiado pela College Art Association.
Halley foi essencial para a consolidação do movimento neoconceitual na década de 1980, no contexto pós-guerra. A ideia dessa corrente artística é colocar em xeque o caráter formalista – e, segundo eles, por vezes simplista – da abstração, como era proposto até então pelo expressionismo abstrato.
O artista defende: “nenhuma definição das características da produção artística de uma sociedade está livre das aspirações do autor para tal sociedade”. É por isso que Halley, através do uso destemido das cores neons que caracterizam sua obra, propõe um mundo de sonho simultâneo à crítica da racionalização do mundo na era digital, com a promessa de romper com discursos puramente formais.
Peter Halley se apresenta pela primeira vez no Brasil, em São Paulo, com uma mostra individual na Galeria Millan, que reúne obras produzidas entre 2020 e 2021. A mostra, intitulada “Peter Halley: Novas pinturas”, enfatiza os sistemas produzidos pelo norte-americano, mas desta vez em uma fase mais “rebelde”, segundo o crítico Richard Milazzo, que também é responsável pelo texto de apresentação da exposição.
Segundo Milazzo, na mostra transparece a intenção do artista “de escapar das ‘prisões’ que ele vê ao nosso redor — sejam essas de natureza arquitetônica ou internalizadas como forças comportamentais obsessivo-compulsivas que podem estranhamente nos ajudar a encontrar nosso caminho, se conseguirmos controlá-las, ou nos limitar em tudo o que fazemos e queremos alcançar, se elas nos controlarem”.
Paula Nunes é estudante de História na Universidade de São Paulo e Arte: história, crítica e curadoria na PUC-SP. Atenta às nuances na relação entre história e arte brasileiras, faz parte da equipe editorial da SP–Arte.
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