Editorial
Livros
Confira os lançamentos das editoras que participam da SP–Arte
Marina Olivia Bergamo
8 abr 2020, 18h35
Desde 2012, a SP-Arte conta com o Setor Editorial, que cresce a cada nova edição. Nele participam editoras e revistas, especializadas no mundo das artes, fotografia, design, e inúmeros outros assuntos que transitam entre as artes e o formato do livro.
Livros de artistas podem ser encontrados em suas edições raras, com produções manuais e quase artesanais. Algumas publicações chegam a presentear o leitor com gravuras ou fotografias de tiragens limitadas, criando uma experiência de leitura que vai além do manuseio das páginas, podendo se valer como obra de arte digna de colecionismo.
Outras publicações revelam conteúdo intimista e histórico de seus artistas, oferecendo ao público uma aproximação à figuras canônicas geralmente admiradas a distância. A escrita e produção de livros proporciona uma forma de expressão única, que transita e transpassa plataformas como gravura, pintura e fotografia. É um exercício desafiador ao artista que usualmente está mais conectado ao visual do que a escrita.
Pensando no universo rico da produção editorial nacional, reunimos aqui alguns lançamentos de editoras participantes do Setor Editorial da SP-Arte. Você pode conferir publicações inéditas das editorias Cobogó, Fotô Editorial, Lote 42 e Familia Editions. Para conferir o livro disponível para venda em nossa plataforma 365, basta clicar nos títulos.
Boa leitura!
Acima: "Maré de rio", de Andréa Bernadelli
Fotô Editorial
Cobogó
Entre a cidade e a natureza
Afonso Tostes
Ainda menino, Afonso Tostes tomou gosto pelas viagens, transitando entre Belo Horizonte, onde nasceu, e fazendas no interior de Minas Gerais. Ali, contemplando porteiras e árvores, currais e cavalos, desenvolveu o gosto pela investigação da natureza e sua relação com o homem, algo que é marca de sua trajetória artística. Sua produção, iniciada no fim dos anos 1980, é reunida pela primeira vez em livro. “Entre a cidade e a natureza” acompanha os deslocamentos do artista em textos que não seguem o tom da análise crítica de obras de arte. Como afirma o organizador do livro, Daniel Rangel, a proposta foi “criar uma espécie de caderno de viagens, um grande perfil poético do artista com fartas doses de imagens de sua produção escultórica”.
Tempo circular
Leda Catunda
A publicação da Cobogó reúne as pinturas de Catunda das duas últimas décadas, voltando o olhar ao passado para mostrar a relação entre trabalhos ao longo da trajetória da artista. O texto do curador Paulo Miyada, I Love You Baby, mais uma vez, que abre o livro, é uma versão ampliada e atualizada de um ensaio escrito para a exposição individual da artista, “I Love You Baby”, realizada no Instituto Tomie Ohtake, em em 2016. No texto, o curador descreve como a escolha da artista por suportes variados surge, transforma-se e permanece ao longo de sua produção pictórica.
Lote 42
Quando o sangue sobe à cabeça
Anna Muylaert
“Quando o sangue sobe à cabeça” traz seis narrativas breves que exploram o universo feminino com a coragem e o humor que Anna Muylaert imprime em seus filmes. De uma mulher com problemas sexuais a uma depiladora falastrona, a autora constrói histórias envolventes sob a perspectiva de personagens diversas e cativantes. Muylaert escreveu as histórias nos anos 1990 como forma de desenvolver sua voz autoral por meio da criação de tramas e personagens. Em 2002 ela viria a lançar seu primeiro longa-metragem, “Durval Discos”, e dirigiu outros quatro filmes, entre eles o multipremiado “Que horas ela volta?”. O livro tem capa impressa em serigrafia branca. Uma sobrecapa com dobras irregulares forma um pôster colorido com detalhes do corpo humano. A dedicatória, “Para Celina e Celina”, foi carimbada manualmente em tinta vermelha.
Videogame, a evolução da arte
João Varella
Os videogames evoluíram da era das cavernas ao pós-moderno em apenas meio século; das moedas para acionar a máquina de Pong à realidade aumentada de Pokémon Go nos smartphones. Evidenciando um jogo marcante na trajetória dessa mídia em cada capítulo, este livro revela o desenvolvimento narrativo de uma expressão artística que tem na interatividade sua pedra angular.
Familia Editions
Búfala e Senhora das plantas
Rosana Paulino
Este livro de artista surge do diálogo entre a artista Rosana Paulino e a editora Maria Lago sobre a relevância do desenho e sua reprodução em publicações em projetos especiais, onde se trata o valor do desenho como obra, e não somente como processo. A linguagem, neste caso, é composta pelas séries de desenho “Búfala” e “Senhora das plantas”, consistentes da integração das técnicas de aquarela e desenho a lápis. Encontramos aqui a relação com arquétipos de diferentes culturas, como a relação da figura da Búfala com representações do Candomblé como o Orixá Iansã, e a senhora das plantas com os Orixás Oxum e Ossaim.
…Umas
Lenora de Barros
Entre 1993 e 1996, Lenora de Barros assinou uma coluna experimental, publicada aos sábados, no “Jornal da Tarde”, em São Paulo, sob o título de “… Umas”. Nesse espaço nasceram obras e ideias que se transformariam em vídeos e foto-performances autônomos ao longo dos anos seguintes. O livro de artista “…Umas” é a reprodução fac-similar de uma seleção destas colunas, nas quais a artista, entre outros experimentos como foto performances e poemas visuais, dialogou poeticamente com trabalhos de diversos artistas. Para esta publicação, todos os textos foram desenvolvidos e editados pela artista, que assina também a seleção de imagens, por vezes oriundas de arquivos pessoais, do próprio jornal e/ou criadas por Lenora como obras para a coluna, explorando o seu formato vertical.
Fotô
Editorial
Maré de rio
Andréa Bernadelli
A Lua e a Terra, atraídas entre si, descrevem órbitas no entorno do Sol. Faz-se noite, faz-se dia. A Lua dança orbitando a Terra. Revolução. Em determinado ponto, a Lua chega à aproximação máxima da Terra, excitando as águas. Maré cheia. Em poucas horas, o arco descrito se afasta. Vazante. Em rotações incessantes, o Sol ilumina, apaga, gera atmosferas descontínuas. A água, em estado de rio ou de nuvem, brinca com os feixes de luz criando aquarelas multicoloridas no lusco fusco que precede o ocaso. Segue a rotação da Terra, dança no infinito. Faz-se noite, faz-se dia. O poético ensaio fotográfico de Andréa Bernadelli é acompanhado de texto por Eder Chiodetto e Fabiana Bruno.
Inácquas
Eide Feldon
Navegando por entre metáforas dos movimentos das águas, Feldon articula em “Inácquas” a precipitação de um acervo de fotografias por ela produzido em suas itinerâncias nos últimos anos. Fabulando rotas possíveis perante a rebelião própria ao devaneio das águas, “Inácquas” revela uma busca estética para des-codificar e trans-figurar o ambiente aquoso; borrifar suas cores, reflexos e texturas. “Cada processo, cada etapa expressa um desejo de aproximação-distância, foco-desfoco, revelar-esconder, clareza-mistério, rastros-presenças”, descreve a artista.
Still Life
Lucas Lenci
Em seus trabalhos anteriores, o artista Lucas Lenci criou ensaios fotográficos que tensionavam a natureza silenciosa e estática da fotografia. Agora, em “Still Life”, Lenci aprofunda essas questões ao criar um paralelo entre fotografia e taxidermia, nos conduzindo a reflexões filosóficas bem engendradas sobre os binômios vida e morte, existência e resistência, arquivo e sobrevivência, still e life. Tais reflexões permeiam a razão de existir das imagens, da beleza fugaz dos pássaros e, em última instância, de nós mesmos.
Veredas mágicas
Norma Vieira
Em “Veredas Mágicas”, Norma Vieira rememora as fabulações do ambiente científico de seu pai, Aristóteris Teixeira Leão, que trabalhava na parte de parasitologia do Instituto Butantan, entre as décadas de 1940 e 1960. A artista resgata desenhos originais científicos, dossiês publicados, diários e mapas de viagens, fotografias do contato com os índios Carajás e imagens de família, muitas das quais com seu pai em meio aos bichos e seus instrumentos. A obra que aflora neste fotolivro é um exercício de criação e um testemunho emocional. Folhear e expedicionar por estas páginas nos faz conhecer o ritual do cientista do Butantan e as descobertas de uma ciência na primeira metade do século 20, permitindo, ao mesmo tempo, re-olhar todo esse universo de resultados científicos como uma plataforma imaginativa de acesso ao imemorial.
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