Editorial
Exposição
"Idílio tropical e moderno": John Graz na Pinacoteca
Paula Nunes
29 jul 2021, 18h11
John Graz, nascido em 1891, na Suíça, é um dos mais significativos artistas do modernismo brasileiro. Em suas viagens e estudos pela Europa, conhece Regina Gomide, com quem se casa, em 1920, no Brasil. Através dela e de seu cunhado, Antônio Gomide, o artista foi apresentado ao círculo modernista, onde teve grande impacto na projeção de correntes diversas do modernismo paulista e teve contato com nomes como Oswald de Andrade. Ele foi um dos responsáveis pela fundação da Sociedade Pró-Arte Moderna, integrou o Clube dos Artistas Modernos, foi colaborador da Klaxon e participou, em 1922, da famosa Semana de Arte Moderna. Simultaneamente a isso, a vasta obra de John Graz protagonizou diversas exposições, tanto no Brasil quanto no exterior.
A Pinacoteca do Estado de São Paulo apresenta entre 31 de julho e 31 de janeiro de 2022, obras, documentos e fotografias do artista. A instituição, que já mostrou seu legado em 2000 e 2005, nas mostras “500 anos – Design” e “Mestres do Modernismo” organiza agora “John Graz: idílio tropical e moderno” – com curadoria de Fernanda Pitta e Thierry Freitas – que trabalhará a visão particular que Graz teve sobre o Brasil. Grande parte dos aproximados 155 itens que integrarão a mostra foram doados ao acervo da Pinacoteca pelo Instituto John Graz, criado em 2005 por Annie Graz, com quem o artista foi casado de 1974 até o ano de sua morte, em 1980.
Acima: Sem título, John Graz (1932). Guache e grafite sobre papel. (detalhe)
Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, doação do Instituto John Graz
Instituto John Graz.
"Carnaval em Olinda", John Graz (1976). Grafite sobre papel.
(Crédito: Isabella Matheus/Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, acervo do Instituto Jo
Sem título, John Graz (1935). Guache e grafite sobre papel.
(Crédito: Isabella Matheus/Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, doação do Instituto John Graz).
"Encontro com a Terra Nova", John Graz (1939). Grafite sobre papel.
(Crédito: Isabella Matheus/Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, doação do Instituto John Graz).
A exposição, que “ressalta a dedicação de Graz à criação de um imaginário moderno e tropical”, promete realizar a missão do Instituto de preservar, estudar e difundir a obra do artista, em sintonia à da Pinacoteca, que se dedica às artes visuais brasileiras e seu diálogo com o mundo.
Através de sete núcleos, a exposição investiga as principais temáticas que a carreira do artista abarcou, dentre as quais obras sobre a questão indígena nacional, bastante influente sobre sua produção. Sobre as obras que Graz produz, influenciado pelos desenhos, padrões e cotidianos indígenas com os quais entra em contato durante suas viagens pelo Norte e Nordeste do país, a curadora Fernanda Pitta alerta à romantização dos povos indígenas contida nas obras de Graz, que mantêm “forte relação com uma certa ideia de forma ‘primitiva’, sintética e quase abstrata, explorada por artistas das vanguardas”, e que aparece na estética desenvolvida pelo artista.
A exposição na Estação Pinacoteca olha atentamente para a vasta produção de John Graz. Além das fotografias e documentos, são destaques na mostra as peças de mobiliário e design brasileiros, estudos de arquitetura e até ornamentos de projetos residenciais. Com isso, o que a mostra procura é evidenciar, juntamente ao fascínio de John Graz pelo Brasil, o alcance de seu domínio artístico.
Instituto John Graz (São Paulo). John Graz e suas andanças pelo Brasil de Mario de Andrade. Instituto John Graz, 1 set. 2017. Disponível em: http://www.institutojohngraz.org.br/
john-graz-e-suas-andancas-pelo-brasil-de-mario-de-andrade/.
John Graz em seu ateliê em Genebra, Suíça (1918).
Coleção de Annie Graz, São Paulo.
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