Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)
SP–Arte 2022

O jornalista e curador Felipe Molitor organiza, na 18ª edição da SP–Arte, uma exposição inédita que foca em artistas sem representação comercial

SP–Arte
8 abr 2022, 17h38

A proposta da exposição Hora grande é reunir artistas que possuem até dez anos de carreira, reconhecidos pelo uso experimental de materiais e linguagens diversas – do orgânico ao industrial, do mole ao duro, do perene ao efêmero. Dispostas em uma área quase em paredes, atravessadas pela luz diurna e noturna do parque, as obras assumem posições ativas com o público, envolvendo noções de movimento, força e instabilidade.

Como consequência deste encontro dinâmico, surgem temas que entrelaçam poéticas aparentemente díspares, como a violência, resistência, desejo e erotismo.

Acima: Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Em uma parceria inédita com o Instituto Inclusartiz, a SP–Arte premiará um dos artistas participantes com uma bolsa-residência de dois meses no Rio de Janeiro. O júri é formado por Fernanda Feitosa, diretora da SP–Arte, e Frances Reynolds, fundadora do Inclusartiz.

A exposição Hora grande faz parte do Radar SP–Arte e é patrocinada pela Vivo.

Leia abaixo o texto curatorial:

Hora grande

Uma caixa de ressonância para um encontro de dessemelhantes: sob diversos pontos de vista, este é um mote preciso para descrever os meandros desta exposição. 

Como parte integrante do novo setor da SP–Arte, três recortes objetivos baseiam o projeto: são artistas que desenvolvem linguagens visuais há menos de dez anos; que não possuem vínculos contratuais claros sobre a venda de seus trabalhos artísticos ou representação comercial sobre sua carreira; e nunca participaram desta que é a principal feira de arte da América Latina. Entretanto, diferentemente de um salão ou outro tipo de concurso com processo seletivo, a lente que orienta a curadoria é focal e afetiva, não panorâmica.

Outros exercícios, mais improváveis e arriscados, são aqui colocados à prova. Em relação às práticas artísticas, de saída justapomos matérias, procedimentos, temas e agências distintas entre si. A reunião destes nove também reflete uma pluralidade de posturas e trajetórias pessoais e profissionais, mais ou menos críticas em relação ao sistema da arte. Que posições o artista toma – ou tem que tomar, ou pode tomar – diante deste complexo social que exige respostas prontas sobre o que mostrar, por que mostrar, como aparecer, como (se) vender.

Hora grande reflete as veias de um processo de aprendizado individual e coletivo, em que as identificações e conexões entre poéticas tornam-se possíveis através de uma observação vagarosa. Nos expomos aqui para o circuito da arte e seus agentes, mas também, ou mesmo antes de tudo, para um público ávido por arte cuja escala jamais nos deparamos até então. Até porque, provocados pelo convite, todos preferimos assumir os riscos de experimentar e se divertir.

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)
Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Os trabalhos são inquietos, insubmissos e misteriosos. Prevalece a profusão e o choque sensorial do orgânico ao industrial, do mole ao duro, do efêmero ao perene. Ao invés de angariar nossa imaginação para universos pictóricos particulares, eles prontamente nos devolvem ao mundo real e situam nosso próprio lugar. É necessário lidar com a superficialidade e as qualidades da matéria para sonhar. 

A queda é uma história que se repete. Dar tempo à queda, conviver em queda, lembrar-se da queda são atitudes aqui refletidas em gestos e reações. Às vezes ela produz memória, e a partir disso somos conduzidos a algum tipo de ação. Pouco afeitas a ilusionismos, as obras agem ou convocam ao ato.

O movimento e o tempo são forças que percorrem a Hora grande, dando ritmo e alternância para o percurso. Predomina uma energia invisível em circulação no espaço, pronta para convergir, ganhar densidade e iniciar um processo de novas formações e aparições no mundo. Tanto o físico quanto o mágico podem operar aqui. 

Dispostas em uma área quase sem paredes, atravessadas pela luz mutante das horas grandes do parque, as obras assumem posições ativas que envolvem noções de força e instabilidade. Como consequência deste encontro dinâmico, surgem assuntos díspares – violência, resistência, erotismo, humor, delírio, beleza, vida, morte – e outros tantos desejos que fervilham em uma geração que vivencia uma encruzilhada de potências e impotências. 

“Nada como um dia atrás do outro e uma noite no meio, para separar os dois”, diz o dito popular.

Felipe Molitor
curador-etc

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Vista da exposição (Créditos: Divulgação SP–Arte)

Dentre os artistas representados estão Allan Pinheiro, Anitta Boa Vida, Felipa Queiroz, Luisa Brandelli, Natalie Braido, Raphaela Melsohn, Simon Fernandes, Tatiana Chalhoub e Yhuri Cruz.

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