Editorial
Digitalização
Digitalização dos negócios de arte e sustentabilidade
Caio Blanco
9 mar 2020, 12h55
O processo de digitalização é mais do que o próximo passo óbvio para qualquer tipo de negócio – incluindo-se, aqui, os negócios derivados do mercado de arte. Esse é também um passo essencial a caminho da sustentabilidade em um mundo no qual o debate ecológico ganha lugar central.
Não restam mais dúvidas sobre as vantagens econômicas das digitalizações comercial ou publicitária: além de facilitarem a expansão do alcance de qualquer mensagem, garantem a possibilidade de metrificação dos resultados. Hoje, todo investimento feito em publicidade online, por exemplo, pode ser medido e apurado através de diversas ferramentas digitais. Fica fácil para as agências de publicidade ou empresas conseguirem computar com precisão o retorno financeiro sobre o investimento que fazem em banners e anúncios digitais nos mais diferentes canais.
Entretanto, para além das vantagens econômicas, a digitalização oferece também um benefício ao futuro do planeta Terra, pois apostar na comunicação digital é uma ótima maneira de eliminar a necessidade de material impresso, diminuindo os impactos ambientais.
Em um esforço de reduzir sua pegada ecológica, a Christie’s – importante casa de leilão internacional – está cortando pela metade toda a sua produção de material impresso e aumentando consideravelmente o investimento em comunicação digital.
O argumento ecológico, claro, conta bastante, mas a casa de leilão também percebeu que essa é uma estratégia bastante interessante para os negócios: após análise, a Christie’s apurou que 52% dos lotes vendidos ao redor do mundo foram comprados por pessoas que sequer recebiam seus catálogos impressos. Nos leilões ao vivo, esse número era ainda maior: 70% dos compradores nunca colocaram suas mãos em um material impresso. A explicação? Engajamento digital.
Novos colecionadores estão cada vez mais presentes no meio digital e também cada vez menos interessados em materiais impressos. Essa nova leva de colecionadores, pertencentes à geração millennial, filhos dos colecionadores baby-boomers acostumados ao papel, preferem checar informações e serem impactados através de seus smartphones. Toda a informação da qual precisam para avaliar a compra de uma obra de arte deve estar disponível ao alcance dos dedos nas telas de seus celulares, do contrário, a próxima foto do Instagram parecerá mais interessante. Nessa batalha, ganha quem consegue reter a atenção desses novos colecionadores da forma mais dinâmica possível.
Não só isso, mas leva a melhor também quem melhor conseguir investir sua verba publicitária de maneira assertiva: os custos economizados dos cortes de material impresso, por exemplo, devem ser reinvestidos em publicidade online de qualidade, com um conteúdo único, relevante e inédito, capaz de conquistar um público leal.
Essa é a maneira mais assertiva de conseguir expandir os negócios de arte em um mundo cada vez mais conectado e preocupado com o futuro das próximas gerações. O investimento na digitalização oferece uma saída interessante a essas duas causas, pois é capaz de engajar profundamente um novo grupo de compradores ao mesmo tempo que abraça um discurso sustentável de suma importância.
Cabe agora às galerias de arte, casas de leilões e todos os agentes do mundo da arte traçarem suas estratégias de comunicação a fim de mirar nesses dois objetivos: fomentar a comercialização e produção de obras de arte e tentar eliminar o impacto que causam ao mundo durante esse processo.
Acima: (Foto: Ênio Cesar)
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