China Dream

O que a China moderna parece para um filho da diáspora chinesa? Essa questão está no cerne das imagens líricas e oníricas que a fotógrafa Teresa Eng criou em todo o país. Os pais de Eng fizeram parte do êxodo em massa de chineses do continente que fugiram para Hong Kong durante a revolução comunista na década de 1950 e, eventualmente, imigraram para o Canadá. Crescendo em Vancouver, Eng só foi capaz de construir sua visão da China a partir das normas e tradições culturais que experimentou. Foi só quando viajou para lá, em 2013, que Eng foi confrontada com o forte contraste com seu estado imaginário, encontrando, em vez disso, uma paisagem em constante estado de flutuação.

A partir dos preconceitos culturais que formou na juventude, Eng começou a explorar fotograficamente o país de seus ancestrais, procurando entender melhor sua herança. A série resultante, China Dream — batizada com o nome de um slogan popular que Xi Jinping usou, aludindo ao sonho americano — evoca ciclos de reconstrução e reinterpretação do passado acontecendo na China devido ao imenso desenvolvimento ocorrendo em todo o país. “A taxa de desenvolvimento na China é tão rápida que os edifícios que fotografei há muito tempo foram demolidos e substituídos”, escreve Eng. “Monumentos históricos e edifícios destruídos durante a Revolução Cultural estão sendo reconstruídos ao acaso — frequentemente como fac-símiles dos originais.” Cada uma das composições verticais de Eng parece parte de uma narrativa maior, e vê-las dá uma sensação semelhante a lembrar flashes de um sonho. Em um deles, uma árvore de bonsai ornamentada está abandonada em um beco cheio de lixo. Uma cabeça de infinito cabelo preto sai da moldura, imitando a arquitetura moderna curvada de uma imagem semelhante. O grafite chinês é arranhado nas folhas das plantas. E uma série interminável de viadutos e estradas ligam-se umas às outras como um nó flutuando sobre a cidade. As fotos de Eng vivem no meio de momentos, cobertas por um véu nebuloso e ambíguo que equilibra a realidade e o sonho — refletindo suas próprias experiências pessoais na China em constante mudança. Como escreve Eng: “Essas observações me permitem entender o mundo ao meu redor”.