Editorial
Na rua
Artistas, ergam suas bandeiras!
Felipe Molitor
1 jun 2020, 17h23
No dia 22 de abril, uma quarta-feira que já parece distante em meio à temporalidade confusa do isolamento social, uma bandeira foi hasteada na Galeria Jaqueline Martins, no centro de São Paulo. Desde então, diversas flâmulas-obras se revezam semanalmente em quatro mastros, erguidos abaixo da grande janela da galeria, num movimento de dentro para fora, mostrados para o improvável e democrático público das ruas. O gesto fortemente simbólico é a saída expositiva do “Four Flags 2020” – projeto temporário da galeria e dos curadores holandeses Julia Mullié e Nick Terra para o momento atual. Aqui reunimos algumas das bandeiras que já passaram por lá.
Acima: Bandeiras de Maria Monteiro, Mônica Nador e Thomaz Rosa.
O intuito do projeto é estimular a prática artística a partir de uma mídia específica e gerar oportunidade de receita para que os artistas possam atravessar o período de isolamento. Em sua programação, a Galeria Jaqueline Martins já costuma apresentar artistas que não fazem parte de seu time oficial, e no caso do “Four Flags”, é evidente o cuidado com uma curadoria diversa, atenta especialmente a artistas sem representação comercial.
Todas as bandeiras são produzidas em edições de 4 + 1 prova de artista e o valor de venda, fixado em R$ 800, é repassado integralmente aos artistas participantes: Aline Motta, Ana Lira, Ana Mazzei, André Parente, Amilcar Packer, Bruno Baptistelli, Caroline Valansi, cemfreio, Cibelle Cavalli Bastos, Daniel Albuquerque, Deyson Gilbert, Dudu Santos, Flora Rebollo, Gustavo Ferro, Ícaro Lira, Leopoldo Ponce, Luiza Crosman, Marilia Furman, Marga Ledora, Mônica Nador, Mônica Ventura, Marina Dalgalarrondo, Maria Noujaim, Maria Montero, Pedro França, Pontogor, Renata De Bonis, Santidio Pereira, Thomaz Rosa, Tatiana Della Bona e Vanessa da Silva.
Tal como a própria divulgação do “Four Flags” indica, o projeto não se reduz a uma solução temporária para a crise econômica aberta pela pandemia, sugerindo uma reflexão mais profunda sobre o modo como exposições e projetos culturais ocupam os espaços institucionais. Ao menos na cena brasileira, as galerias comerciais de arte adquiriram ao longo dos anos uma importância fundamental na construção de uma cena artística prolífica, trabalhando pela circulação, legitimação e incentivo às práticas artísticas. Que essa vocação possa manter-se renovada.
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