Editorial
Reportagem
Antonio Dias no IAC
Paula Nunes
27 jul 2021, 17h35
“Ninguém precisa explicar, então é quase como se fosse o artista se mostrando em primeira pessoa”. As palavras de Marilúcia Bottallo, diretora técnica do Instituto de Arte Contemporânea, se referem ao acervo pessoal de um dos maiores nomes da arte brasileira, Antonio Dias. A coleção, que a família do artista confiou recentemente ao IAC, será objeto de uma exposição prevista para setembro, como parte do grupo de mostras individuais que acontecerão concomitantemente à próxima edição da Bienal de São Paulo.
Acima: Fotografia de Antonio Dias com marcas de edição para a revista Fatos e Fotos, c. 1965. Fotógrafo não identificado (detalhe).
Nascido em Campina Grande (PA), Antonio Dias aprendeu a desenhar com o avô paterno na infância e fez sua primeira individual aos 18 anos, em 1962. Ao longo dos anos, o trabalho do artista passa por rupturas e experimentações formais, e as imagens por ele criadas mantêm elementos formal, teórica e construtivamente inovadores. As marcas autorais nas obras de Antonio Dias têm em comum a astúcia e a originalidade ao transitar por qual mídia fosse, e mostram a posição do artista em sua geração, construindo e desconstruindo-se constantemente.
Devido à extensão de sua trajetória, que foi de Milão a Paris, do Rio de Janeiro ao Nepal, o artista deixou, ao falecer em 2018, uma coleção imensa, repleta de experimentações valiosíssimas. Segundo o crítico Gustavo Motta, curador da mostra de setembro, o trabalho do artista, nesse sentido, funciona como um arquivo: Dias guardou anotações de “problemas” resolvidos em obras após longos hiatos, cadernos que registram sutilezas e estudos de seus trabalhos, máscaras dos estilemas característicos em suas obras, catálogos, livros de referência pessoal, entre muitas outras preciosidades de materiais usados em obras diversas, do tipo latas de queijo e papéis do Nepal.
Toda a profundidade multifacetada do acervo pessoal de Antonio Dias será trazida pela mostra sob um viés processual, principalmente através de materiais do ateliê que ficava no Rio de Janeiro. Em um primeiro momento, a catalogação ocorre com foco para a exposição, para ser finalizada na íntegra em seguida. O acervo, por isso, é repleto de documentos primários que propõem o desafio criativo à cuidadosa pesquisa curatorial, principalmente se tratando de um artista cujo trabalho se dá, segundo o curador, em grande medida, na fricção, e que apresenta a seu estudioso diversos desafios e muros conceituais a serem lidos e compreendidos.
Nas palavras do curador, “às vezes uma notação, uma frase ou uma imagem, um pequeno recorte se reverbera de modos diferentes conforme a aparição”, eis a raridade de conhecer o processo por trás da arte e do artista.
Descubra mais sobre Antonio Dias através da SP–Arte 365 e navegue pelas obras do artista.
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