Editorial
O fim do ano está chegando, mas ainda é tempo de aproveitar exposições de arte que pipocam entre Rio de Janeiro e São Paulo
12 nov 2019, 17h03
O fim do ano está chegando, mas ainda é tempo de aproveitar exposições de arte que pipocam entre Rio e São Paulo. Confira nossa lista de aberturas no mês de novembro nas duas capitais.
São Paulo
(1) Bruce Conner, na Bergamin e Gomide
Com cerca de vinte obras, a individual do norte-americano Bruce Conner remonta a trajetória do artista que revolucionou a videoarte e a produção de filmes no mundo. Além de expor fotografias e desenhos de Conner, a Bergamin e Gomide construiu uma estrutura especial para a exibição do filme “BREAKAWAY” (1966), proporcionando a experiência de imersão no universo do artista. Bruce Conner trabalhou com desenho, assemblage, escultura, pintura, gravura, colagem e fotografia, mas foram seus filmes que marcaram definitivamente a originalidade de sua obra, reconhecido como uma das figuras mais importantes da contracultura do século 20. De 5 de novembro a 20 de dezembro.
(2) Luciano Zanette, na Verve Galeria
A mostra “Necrocolônia 2016–2019”, do artista gaúcho Luciano Zanette, conta com esculturas, desenhos e pinturas que apresentam a leitura do artista perante o atual cenário político do País. Sua pesquisa propõe um olhar crítico sobre como objetos do cotidiano desenhados para o corpo humano acabam por condicionar estes mesmos corpos, seus hábitos e gestos. Na mostra, o artista apresenta um recorte de sua investigação sobre os processos, agentes, acontecimentos políticos, sociais e midiáticos ligados aos fatos que se passaram no Brasil desde 2016. Zanette, que também é professor de Educação, traz ainda peças que se utilizam de carteiras escolares desconstruídas e reformatadas, expostas junto a instrumentos de violência empregados pela política, sugerindo uma atmosfera de tensão no âmbito acadêmico. De 7 de novembro a 7 de dezembro.
(3) David Lamelas, na Galeria Jaqueline Martins
A primeira exposição individual do artista argentino David Lamelas a ser realizada em uma galeria brasileira é organizada em torno do site-specific “Folded Walls” (1994/2018), uma obra minimalista na qual o cubo branco, enquanto espaço neutro ideal para a exibição da arte em si, é desvelado por um frágil papel dobrado. A mostra apresenta ainda desenhos e esculturas que buscam questionar quais as potencialidades críticas e curatoriais existentes no simples deslocamento de um trabalho artístico de uma cidade para o outra. A individual na Jaqueline Martins é a primeira parte do projeto Gallery Share, realizado em conjunto com as galerias Herlitzka + Faria (Buenos Aires) e Jan Mot (Bruxelas). De 8 de novembro a 24 de janeiro de 2020.
(4) Carlos Cruz-Diez, no Espaço Cultural Porto Seguro
Figura de singular trajetória na arte contemporânea, o artista franco-venezuelano Carlos Cruz-Diez dedicou sua vida ao estudo da cor. Com ampla produção, autor de pinturas, fotografias e instalações, foi aos poucos afastando suas criações da figuração e das formas, em um radical mergulho na cor em si. Com curadoria de Rodrigo Villela, sua obra é agora celebrada na mostra “Cruz-Diez: a liberdade da cor”, no Espaço Cultural Porto Seguro. A exposição é composta por oito trabalhos, a maioria instalações, que constroem um percurso imersivo na pesquisa do artista e no universo da cor. A mostra traz também vinte fotos em preto e branco, feitas por Cruz-Diez ao longo de sua vida, a maioria de sua Venezuela natal. De 9 de novembro de 2019 a 2 de fevereiro de 2020.
(5) Dan Coopey, na Galeria Estação
A obra de Dan Coopey, inglês que vive entre São Paulo e Londres, chamou a atenção de Vilma Eid, diretora da Galeria Estação, não só pela particular qualidade, mas também, pelo diálogo que estabelece com parte de seu elenco: uma arte produzida a partir de elementos singelos. São cestarias de formas orgânicas, trançadas artesanalmente pelo artista, e composições concebidas por meio da apropriação de objetos fabricados. Com curadoria do professor Raphael Fonseca, curador do MAC Niterói, a exposição divide-se em três núcleos: uma que dá continuidade ao seu fazer com a cestaria; e outras duas com trabalhos construídos com lápis de cor e caixas de fósforo. De 9 de novembro a 14 de dezembro.
(8) Regina Silveira, na Luciana Brito Galeria
Com obras produzidas entre os anos de 1998 e 2019, a mostra “Coisas”, de Regina Silveira, é permeada por um elemento central: a utilização de materiais frágeis à queda, a exemplo da porcelana e do vidro. Notória pela sua pesquisa com o desenho desde os anos 1960, aqui a artista trabalha com a sobreposição de imagens a objetos do cotidiano, tais como tigelas, pratos, xícaras, pires, jarras, vasilhas e bules. Também em cartaz, uma série de trabalhos busca outra relação com o tempo: um grupo de porcelanas tem o seu estilhaçar congelado pela artista e o público é convidado a observar o momento que sugere o atravessamento de uma bala em cada uma das peças. De 9 de novembro a 28 de fevereiro de 2020.
(7) Anna Bella Geiger, no Masp e no Sesc Av. Paulista
A carioca Anna Bella Geiger é protagonista de uma exposição dupla em novembro, que acontece simultaneamente no Masp e no Sesc Avenida Paulista. Serão abordados diversos períodos da artista, incluindo trabalhos desde a década de 1950 até os anos 2000. A obra “Brasil nativo/Brasil alienígena” é utilizada como eixo condutor da mostra, que apresenta trabalhos que discutem criticamente a história e a realidade social do país, atravessadas por uma perspetiva e narrativa autobiográfica. A curadoria é de Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, e de Tomás Toledo, curador-chefe do museu. No Sesc Avenida Paulista, serão remontadas três instalações audiovisuais históricas da artista. De 29 de novembro a 1º de março de 2020, no Masp, e de 30 de novembro a 1º de março de 2020, no Sesc Av. Paulista.
Rio de Janeiro
O artista norte-americano Tom Burr ocupa pela primeira vez as cavalariças da Escola de Artes Visuais do Parque Lage com a individual “Hélio-centricidades: coda”, cujos trabalhos dialogam com os “Metaesquemas”, de Hélio Oiticica. Nas últimas três décadas, o artista trabalhou com formas rígidas da arte minimalista e abstrata por meio de uma pesquisa que evoca intimidade, muitas vezes em relação a personalidades específicas – neste caso, Hélio Oiticica. Burr é também conhecido por fundir essas formas de minimalismo com certas condições da história recente de Nova York, especificamente a guerra contra a sexualidade pública durante a crise da Aids. De 3 novembro a 8 de dezembro.
(9) Rodrigo Matheus, na Silvia Cintra
A exposição “Conjunto/Fração” reúne instalações, esculturas e colagens do paulistano Rodrigo Matheus. Na mostra, objetos do cotidiano são postos em arranjos que desafiam as noções de forma e função dadas pela modernidade e pela indústria. Na série de três colagens em cartaz, o artista constrói um novo sentido para os boletos bancários, documentos, notas fiscais e correspondências antigas recolhidas por ele em mercados de pulgas. Com esses elementos, cria uma espécie de “quadro de avisos”, comum nos ambientes burocráticos. Já as esculturas articulam objetos comuns do mundo corporativo e industrial. Rodrigo retira desses objetos a sua função inicial e propõe uma nova relação com a realidade. De 7 de novembro a 7 de dezembro.
(10) Solange Escosteguy, na Portas Vilaseca
Na exposição “Liberdade”, a gaúcha Solange Escosteguy apresenta não apenas trabalhos do seu percurso de mais de 55 anos como artista visual, mas também obras recentes feitas especialmente para o projeto. A pintura e a produção de objetos são as áreas nas quais a artista desenvolve sua carreira desde os anos 1960, quando participou da exposição divisora de águas “Nova objetividade brasileira”, em 1967, no MAM Rio de Janeiro. Seguindo na sua investigação em torno da cor, essas obras chamam a atenção pela sua vivacidade e pela experimentação em diferentes tamanhos e materiais. Destaque da mostra, o trabalho interativo “Só o sonho nos liberta” (2019) convida o público a brincar e atirar uma peteca jogando com aquelas mesmas palavras. De 7 de novembro de 2019 a 11 de janeiro de 2020.
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