Impacto ambiental é preocupação entre fotógrafos da SP-Foto 2019

13 Aug 2019, 5:41 pm

“Com países desistindo do Acordo de Paris, como podemos sobreviver a modelos ultrapassados de produção que superam a função da natureza, e a ganância e a corrupção que impulsionam essa destruição em massa? Promover uma mudança no sistema é urgente – vide os crimes ambientais de Mariana e Brumadinho (MG), que presenciamos nos últimos três anos em território nacional. Se a arte é capaz de questionar o mundo pelo sensível, como pensar o colapso natural a partir dela?” Em fevereiro deste ano, a curadora independente Carollina Lauriano fez essa reflexão para o site da SP-Arte. Para ela, a natureza e as discussões em torno de sua preservação estariam no centro do debate em 2019.

Seis meses depois, artistas em exibição na 13ª SP-Foto (de 21 a 25 de agosto, no JK Iguatemi) confirmam essa tendência. Conheça alguns desses nomes e as pesquisas propostas em torno do tema.


Nascido em São Paulo, o fotógrafo Caio Reisewitz aborda, por meio de suas fotografias, os desafios da expansão urbana e seu impacto na natureza. Em 2017, apresentou na Pinacoteca de São Paulo oito fotografias da série “Altamira”, em que documenta a região da floresta de Belo Monte, delimitada pelo rio Xingú, que desaparecerá ao término da construção da terceira maior hidrelétrica do mundo. As fotografias mostram uma natureza intocada, onde a presença humana parece não existir, expondo o paradoxo de que em breve a floresta não mais estará lá. “Bertioga I” ou “Sapopemba I”, ambas de 2003, são outras de suas séries que abordam a questão da degradação ambiental, com imagens de uma queimada na Mata Atlântica e o acúmulo de detritos em um lixão em São Paulo, respectivamente. Representado pela Luciana Brito Galeria, traz a esta edição da SP-Foto imagens atuais de Altamira e arredores.


Há mais de trinta anos, a artista paulistana Denise Milan pesquisa os processos de formação da Terra e investiga como interpretar o que definiu como linguagem das pedras. Na última Bienal de São Paulo (2018), apresentou a instalação “Ilha Brasilis”, produzida a partir de cristais e ametistas encontrados em cavernas brasileiras. A obra tinha como objetivo estabelecer relações entre a origem dos planetas e dos seres humanos, a partir da aproximação do espectador a alguns dos objetos expostos. Além de esculturas, a pesquisa transdisciplinar de Milan reúne fotografias, arte pública e práticas pedagógicas. Na SP-Foto 2019, a Galeria Lume apresenta “Devastação”, série que aborda as estéticas dos processos geológicos e incita reflexões acerca de tragédias socioambientais que colocam em risco a vida no Planeta como um todo.


Desde os anos 1980, quando era repórter fotográfico, o paulistano João Farkas tem a dualidade homem versus natureza como tema de interesse. Isso vem se desdobrando em registros de contextos brasileiros tidos como paradisíacos ou genuínos, como a Amazônia ou o Litoral Sul da Bahia. Na SP-Foto 2019, a Galeria Marcelo Guarnieri apresenta algumas de suas séries mais recentes que discutem essa relação: “Sertão e “Pantanal”. Publicado em 2014, o projeto “Pantanal” foi desenvolvido ao longo de seis expedições pela região com o objetivo de retratar a importância e a fragilidade da maior planície inundável do mundo. Farkas explora a grandiosidade e beleza da paisagem pantaneira para promover, por meio de suas fotografias, uma sensibilização sobre a urgência da luta pela preservação deste patrimônio, que vem sofrendo já há algum tempo uma destruição silenciosa, pondo em risco ecossistemas e populações. Uma parte maior dessa pesquisa foi apresentada em novembro de 2018 na Embaixada Brasileira em Londres.


Nascida em Belém do Pará, a artista Luciana Magno trabalha com performance, frequentemente direcionada para fotografia e vídeo. Em sua pesquisa, aborda questões políticas, sociais e antropológicas, sobretudo relacionadas aos impactos do desenvolvimento econômico na Região Amazônica. A integração do corpo humano a essas paisagens que o acolhem também é um elemento determinante e recorrente em suas obras. Apresentada pela Janaina Torres Galeria, na 13ª edição da SP-Foto, a série “Orgânicos” une os dois elementos. Nela, Magno registra seu corpo despido em plena interação com a natureza e com cenários cujo o impacto do homem deixou vestígios e tensões, como uma área de mineração ilegal na rodovia Transamazônica. Na estrada, que segundo a artista significou um sonho de colonização da Amazônia, ela retrata a terra prometida que virou pó. Com pouco mais de trinta anos de idade, possui obras no acervo do Museu de Arte do Rio e Associação Cultural Videobrasil.

SP–Arte Profile

Join the SP–Arte community! We are the largest art and design fair in South America and we want you to be part of it. Create or update your profile to receive our newsletters and to have a personalized experience on our website and at our fairs.