A relação cidade e natureza é tema de visita guiada na SP-Foto

24 Aug 2019, 5:14 pm

Chegar a uma feira de arte com cerca de trezentos artistas e quase mil obras pode confundir um visitante menos familiarizado com certas linguagens. Para facilitar, a 13ª Feira de Fotografia de São Paulo oferece quatro roteiros temáticos gratuitos, preparados especialmente pelos curadores Paola Fabres, Isabella Lenzi e Gustavo Colombini. A breve história da fotografia, a representação da modernidade, os corpos identitários e a relação cidade e natureza são os temas que permeiam as visitas desta edição.

Guiados por Isabella Lenzi, percorremos o roteiro “Cidades e natureza” e registramos algumas das obras em destaque na visita. Cada saída tem um caminho próprio. Inspire-se e venha fazer a sua! Confira aqui todos os horários das visitas.


Hudinilson Jr.
“Falo Gigante”, 1980-1989

photocopy
Others: 16.34 x 11.81 inches: 41.5 x 30 cm


A visita começou com a série “Alvorada”, do fotógrafo Mauro Restiffe, em exibição no estande da Fortes D’Aloia & Gabriel. Registrado no Palácio do Planalto, o trabalho aborda a arquitetura modernista e suas principais características, como as transparências obtidas através do uso do vidro. A partir do registro dos espaços, Restiffe reflete sobre conceitos que deveriam também extrapolar as barreiras físicas, como a própria ideia de transparência na política. Esta é também uma oportunidade única para conferir algumas de suas imagens coloridas, visto que o artista é conhecido por fotografar em preto e branco, com grãos em destaque.


Dudu Santos
Untitled, 1993

acrylic on canvas
Painting: 85.83 x 198.82 inches: 218 x 505 cm


Ainda no estande da Fortes D’Aloia & Gabriel, o trabalho da artista Janaina Tschäpe foi a continuação do roteiro. Mais conhecida por suas obras em pintura e desenho, a artista alemã radicada no Brasil apresenta uma série de fotografias nas quais constrói elementos fantasiosos com massinha de modelar e as fotografa em contextos reais, gerando um universo particular que contrasta com o realismo de Restiffe. A artista brinca com a ideia dessa natureza que também é construída, assim como as estruturas arquitetônicas.


No estande ao lado, da Luciana Brito Galeria, a artista Rochelle Costi também aborda os limites do que é real ou ilusório na fotografia, subvertendo certos parâmetros arquitetônicos, como escala e materiais. Em “Casa da Ilha – Sala”, Costi traz uma maquete construída com elementos da arquitetura real, por exemplo, um pedaço de um ladrilho hidráulico. Essa mistura e a grande dimensão da imagem geram certa ambiguidade ao espectador, que não consegue definir até que ponto a artista interviu na construção da imagem.


Também no estande da Luciana Brito Galeria, o fotógrafo Caio Reisewitz exibe um série de fotografias registradas na região da floresta de Belo Monte, delimitada pelo rio Xingú, que desaparecerá ao término da construção de uma das maiores hidrelétricas do mundo. Reisewitz traz fotos com dois tratamentos diferentes: uma delas com a vegetação da forma que usualmente é retratada, e outro, mais embranquecido – uma técnica obtida a partir do aumento da exposição da lente fotográfica à luz. A ideia é passar ao público a sensação que o fotógrafo teve ao ir em certas áreas alagadas pela Usina. A alta exposição tenta traduzir a subida da água e, por consequência, a morte da vegetação.


Continuando a visita no segundo andar da SP-Foto, no estande da Vermelho, a obra da artista Ana Maria Tavares chamou atenção. Construída a partir de imagens registradas no edifício da Oca, desenhado por Oscar Niemeyer, a obra “Airshaft para Piranesi VI” discute a utopia da arquitetura modernista a partir da manipulação tecnológica da imagem. Tavares reflete como o modernismo na arquitetura brasileira, inicialmente pensado a partir da integração de espaços na edificação e plantas mais livres, não viu seu projeto concretizado – pelo contrário, produziu em muitos casos ainda mais segregação. A materialização da obra também traduz a ideia de industrialização e modernidade ao trazer uma impressão em metal.


A série “Espaço confinado”, de Pedro Motta, na Galeria Silvia Cintra + Box 4, não poderia ser mais atual. Nela, uma fotografia de uma árvore em chamas é mescladas a elementos corpóreos, tais como terra, carvão e folhas de olho. O artista reflete sobre questões urgentes na atualidade brasileira, como qual caminho de desenvolvimento estamos percorrendo e como as riquezas naturais poderiam ser preservadas ou melhor aproveitadas.


A visita finalizou no estande da Galería Zielinsky, com a obra do artista Leonardo Finotti, que também se preocupa em registrar as formas da arquitetura moderna. Em exibição, o fotógrafo traz o jardim que Burle Marx projetou para o Banco Safra, e a famosa escadaria do MAM de Salvador, desenhada por Lina Bo Bardi, que integrou ao casarão histórico do Solar do Unhão um elemento arquitetônico moderno.

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