São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Rio recebem maior retrospectiva de Basquiat no Brasil

24 Jan 2018, 6:21 pm

Uma das exposições mais esperadas do ano estreia quinta, 25/1: a primeira retrospectiva brasileira do norte-americano Jean-Michel Basquiat cujo trabalho ajuda a traduzir o espírito da cidade de Nova York, nos anos de 1970 e 1980. Gratuita, a mostra entra primeiro em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, e traz 80 obras do artista, entre quadros, desenhos, gravuras e cerâmicas. Todas as peças vindas ao país pertencem à coleção da família israelense Mugrabi, uma das maiores do gênero.

Com curadoria do holandês radicado no Brasil Pieter Tjabbes, a exposição fica na capital paulista até 7 de abril e será apresentada também em Brasília (21/04 a 1/07), Belo Horizonte (16/7 a 26/9) e Rio de Janeiro (12/10 a 8/1/2019).

 

Confira abaixo oito características da obra do artista que transparecem em peças da exposição:


Quando Basquiat começou a produzir, no fim dos anos 1970, havia uma predominância de outros movimentos que são bem diferentes, como a arte conceitual, a arte minimalista e a pop art. Segundo o curador Pieter Tjabbes, que realizou uma visita guiada durante a montagem da exposição, todos esses movimentos são mais assépticos – mesmo a pop art, apesar das cores fortes. “A figura do artista fica para trás, não é visível na obra, a pincelada é mais clean, tem uma pegada intelectual. É arte-cabeça. Na geração seguinte, da qual Basquiat faz parte, tudo se torna mais emocional, a arte fica à flor da pele e a personalidade do artista está toda lá”, afirma. Cores fortes, traços livres, estética caótica… Tudo isso está em Basquiat.


Desde criança, Basquiat esteve em contato com o mundo da arte e adorava desenhar seus personagens favoritos da televisão. Para o curador, o próprio Basquiat encarava o desenho não como um rascunho ou um estudo para peças posteriores, mas como uma obra igualmente relevante no corpo de seu trabalho. E para quem acha que as produções do artista são meros rabiscos, ele costumava dizer: “Acredite ou não, eu realmente consigo desenhar. Mas eu luto contra isso constantemente”. Basquiat queria justamente imprimir um tom único às peças que compunha e não apenas reproduzir o que via por aí. Na exposição, há um sala dedicada aos desenhos do artista.


O artista começou sua carreira grafitando pelos muros de Nova York ao lado do amigo Al Diaz sob o condinome de SAMO (“Same Old Shit”, ou “Mesma merda de sempre”). A dupla chamava atenção pelas frases de teor político estampadas nas paredes de Lower Manhattan. Segundo Tjabbes, é possível ver traços desse começo em suas obras posteriores – quando o artista já trabalhava em uma estrutura de ateliê. “Ele traz elementos que têm uma referência muito forte do grafite – essa coisa mais rabiscada, a rapidez com a qual ela é construída, a linearidade das figuras…”, afirma o curador. Na exposição em cartaz, diversos grafiteiros brasileiros prestam homenagens ao artista em um uma parte interativa da mostra.


Negro e de classe média, Basquiat sofreu o racismo da sociedade norte-americana. “Boa parte de sua obra mostra o negro como protagonista, ao contrário do que acontecia na vida real”, afirma o curador da exposição, que conta como Basquiat – apesar de ser a estrela de suas vernissages – não conseguia pegar um táxi na rua pela cor de sua pele.


Sua origem porto-riquenha (por parte de mãe) e haitiana (por parte de pai) permitiu que Basquiat falasse inglês, espanhol e francês. A utilização de palavras em diferentes línguas marcou especialmente a primeira parte de sua produção, até por volta de 1982, mas nunca deixou de ser totalmente utilizada. “Ele era como uma esponja, absorvia tudo que via e ouvia, e soltava aos poucos à medida que confeccionava suas obras”, afirma Tjabbes.


Quando criança, Basquiat foi atropelado enquanto brincava pelas ruas do Brooklyn . Durante o longo período de recuperação, sua mãe lhe deu um exemplar do livro “Gray’s Anatomy”, famoso atlas de anatomia humana, que se tornou marcante na vida do artista, especialmente ao chamar sua atenção para o desenho do corpo humano. Na peça a seguir, é possível ver como ele se utiliza dos contornos anatômicos para compor o quadro. O livro inspirou também o nome da banda musical fundada por ele, a “Gray”.


Não havia suporte certo para Basquiat produzir suas obras. Portas e janelas eram plataformas comuns na hora dele exercer sua liberdade criativa. Na exposição em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, é possível ver peças assim – como portas imensas pintadas por ele.


Quando, aos 17 anos, Basquiat vendeu um cartão-postal autoral ao famoso Andy Warhol, ele nunca imaginaria que anos depois teria o artista pop quase como uma figura paterna. Juntos, eles produziram mais de cem obras – algumas delas expostas na mostra itinerante pelo Brasil.


Programe-se para visitar!

Jean-Michel Basquiat
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112, Centro (SP)
De 25/01 a 07/04

 

#respirearte


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