Centre Pompidou
Feature

Paulo Miyada anunciado curador adjunto do Centre Pompidou

Barbara Mastrobuono
2 Jul 2021, 2:26 pm

O curador e pesquisador paulistano Paulo Miyada passa a atuar como curador adjunto do Centre Pompidou, uma das mais renomadas instituições de arte da Europa. Miyada, que também é curador-adjunto da 34a Bienal de São Paulo e curador do Instituto Tomie Ohtake, colabora com as aquisições e doações de arte latino-americana para a coleção do museu parisiense.

Paulo Miyada, novo curador adjunto do Centre Pompidou

Barbara Mastrobuono : Como curador-adjunto, o que você enxerga como suas maiores responsabilidades na construção de um acervo latino-americano no Centre Pompidou?

Paulo Miyada : Eu acredito que minha responsabilidade reside na tarefa de não reiterar as zonas de exclusão, as parcialidades e as miopias históricas herdadas do passado. Uma coleção não é só um documento de uma época: ela é uma ação no presente que constrói a memória do futuro. Construir uma coleção é rever quais as lentes que estão sendo usadas, o que é que está sendo visto, quando e porque. Minha chegada ao Centre Pompidou carrega essa responsabilidade de ampliar o escopo do que se entende por arte contemporânea latino-americana por via da produção atual e moderna. 

Barbara Mastrobuono : As discussões e atuações no território latino-americanos são de uma pluralidade imensa. Você pode contar um pouco sobre quais os procedimentos de pesquisa para manter uma troca com uma região tão vasta?

Paulo Miyada : A ideia dessa posição é ter um curador e pesquisador situado no local, ou seja, na região em questão, algo que já vai fazer muita diferença em relação a um trabalho de pesquisa que fosse todo concentrado na sede do Pompidou, em Paris. Mas mesmo assim, estando aqui sabemos o quão desafiadora são as distâncias, o quão diversa é a região e o quanto existem múltiplas centralidades, tanto as centralidades no sentido convencional das capitais, quanto centralidades de pensamento e de vida, como as regiões de florestas. Parte desse trabalho envolverá ter rotinas de viagem na região. De imediato, devido ao contexto pandêmico, a estratégia vai ser procurar de maneira digital, retomando e iniciando novas conversas com artistas e figuras-chave da região latino-americana.

Barbara Mastrobuono : Depois de décadas da presença brasileira no imaginário do norte global se basear majoritariamente em um brasil-exportação modernista, você vislumbra a possibilidade de uma presença latina crítica e politizada, mirando muitas vezes contra a hegemonia do norte global, dentro de grandes instituições internacionais?

Paulo Miyada : A minha impressão é que a produção artística latino-america traz elementos críticos com frequência. Pensar as realidades de um desenvolvimento desigual e de um legado colonial, mesmo quando isso não está em primeiro plano, faz parte das condições materiais, sociais humanas e políticas da grande maioria dos nossos pensadores e artistas de maior impacto. Mas, para além disso, a minha indicação para essa posição foi justamente por meu interesse contínuo em pensar as implicações políticas e sociais da produção artística. Eu entendo que essa é uma prioridade, tanto no que diz respeito a uma crítica social direta, quanto ao que diz respeito à imaginação de outros modelos de circulação da arte e de fortalecimentos de protagonismos de múltiplas identidades e múltiplas origens, ligadas a raízes diversas de pensamento.

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Barbara Mastrobuono is an editor, translator and researcher. She has worked in publishing houses such as Editora 34 and Cosac Naify, and served as the editorial coordinator of the Pinacoteca de São Paulo. Among the titles she translated are “Tunga”, with text by Catherine Lampert; “Poesia Viva”, by Paulo Bruscky, with text by Antonio Sergio Bessa; and “Jogos para atores e não autores”, by Augusto Boal. She defended her master’s dissertation at the Department of Literary Theory at the University of São Paulo.

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