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Feature

O que é acompanhamento de artista

Giovana Christ
18 Mar 2021, 2:55 pm

Acompanhamento de artistas é um nome novo para algo que já acontece há muito tempo no mundo da arte. Diferentemente da residência artística, em que os artistas se deslocam para um lugar e ficam imersos em uma nova realidade para inspirar seus projetos, o acompanhamento geralmente é feito dentro do ateliê dos próprios artistas e se concentra em seu projeto de pesquisa e produção.

Além disso, os acompanhamentos tendem a ser mais longos, com um foco maior na troca entre os participantes e orientadores e não tanto em um projeto ou obra específica. Os orientadores procuram sugerir novas referências teóricas, analisar os trabalhos produzidos e em produção, além de abrir os olhos dos participantes para novas possibilidades de desdobramentos da pesquisa que está sendo feita.

Analu Cunha, artista, pesquisadora e curadora que guiou acompanhamentos na Escola de Artes Visuais Parque Lage e que tem uma vasta experiência com videoarte, defende que “a interlocução que esse artista tem não só com o professor, com o orientador do curso, como também os colegas, é uma coisa importantíssima na arte” e diz que é uma troca que sente falta em sua geração.

“Hoje em dia que eu não tenho mais isso e sinto muita falta, então eventualmente combino com meus colegas, meus amigos artistas, para estabelecer uma troca.”

Turma de acompanhamento do Espaço BREU em 2019 no ateliê da artista Sonia Gomes. (Foto: Laura Belém / Arquivo pessoal).

Laura Belém, artista formada pela Escola de Belas Artes da UFMG e pelo Central Saint Martins College of Art & Design, em Londres, e condutora dos acompanhamentos no Espaço BREU, defende-os e conta que o projeto “Artista visitante”, feito na UFMG sob a orientação de três artistas, foi crucial para o desenvolvimento de sua carreira. “Foi um processo riquíssimo e muito estimulante, de muita troca e experimentação. Tenho saudades. Foi muito importante para que eu conseguisse a bolsa da Capes um ano depois, para fazer um mestrado em Londres.” E completa: “Além da experiência de acompanhamento nesse galpão, tive a Bolsa Pampulha e o Prêmio Marcantonio Vilaça, que também ofereceram acompanhamentos críticos”.

Ainda, esse formato de orientação permite uma flexibilidade maior para os participantes, como explica Analu, que recebe artistas que precisam de estímulos para produzir e são incentivados com provocações semanais da orientadora para irem desenvolvendo trabalhos com base nas propostas. “E tem um outro artista que já tem um projeto e está precisando dessa interlocução, e isso é muito legal, porque ele está precisando de uma troca, ele está precisando de outros olhares”.

Para os artistas que buscam uma inserção no mercado da arte, o acompanhamento pode ser importante para aprender a apresentar sua obra, como conta Laura: “O artista passa a compreender melhor que não basta criar uma obra, é preciso saber apresentá-la — e isso envolve tanto as escolhas sobre a montagem quanto falar e escrever sobre o trabalho.”

O acompanhamento pode apoiar a profissionalização do artista. Para os artistas que não têm o mercado como foco, também pode ajudar a engatar em outros programas de acompanhamento e residência artística que os incentivem a continuar seu processo criativo e de produção.


Giovana Christ is a journalism student at ECA – USP, a Brazilian carnival enthusiast and passionate about all types of cultural events. She is part of the editorial team at SP-Arte.

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