Editorial
Feature
Imperfeição perfeita
SP–Arte
15 Jan 2021, 10:45 am
Na década de 20, o empresário Henry Ford construiu nas margens do rio Tapajós uma cidade industrial modelada de acordo com as cidades interioranas dos Estados Unidos. Realizada como fruto de um acordo com o governo brasileiro, o objetivo da cidade era abrigar funcionários da Ford que trabalhariam na selva amazônica para extrair borracha das árvores. Em troca da concessão de terra e direito à exploração, o governo deveria receber nove porcento dos lucros de venda. O lucro, porém, nunca chegou: a cidade, segregada entre áreas designadas aos moradores estadunidenses e ao trabalhadores brasileiros, foi abandonado após o fracasso em viabilizar a extração de borracha.
Em seu fotolivro “Fordlândia”, o autor espanhol JM Ramirez-Suassi registra um lugar imaginário, onde as visões utópicas tecnológicas e capitalistas do século 20 colidem com a realidade do século 21, em imagens comoventes e esculpidas que esboçam um estado de espírito, um estado de desejo e um estado de pós-script. Escreve o autor: “Fordlândia reúne fotografias de uma Amazônia bem distante do que o industrial Henri Ford imaginava quando tentou construir um sonho americano em terras tropicais (…) a tentativa de Henry Ford de transformar a selva numa fantasia do Centro-Oeste americano, é a imperfeição perfeita: um fracasso perfeito do American Way of Life.”
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