Vista da exposição "Time Colos", de Gustavo Speridião, no espaço da Sé Galeria. (Foto: Guilherme Sorbello)
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Galerias nas vilas

Paula Nunes
26 Aug 2021, 11:51 am

Os polos galerísticos de São Paulo mudaram ao longo dos últimos anos e meses. Do centro a bairros nobres e de volta ao centro, as galerias de arte paulistanas têm se expandido e movimentado em nome da valorização e disseminação da cultura da cidade. 

Entre os fatores que concorreram para as recentes trocas de endereço de algumas das casas tradicionais e emergentes estão a busca por novos públicos colecionadores, os efeitos econômicos da pandemia, além da vontade de testar novos modelos de negócio e espaços expositivos pouco convencionais. Recentemente acompanhamos um fluxo intenso de relocalização. Entenda o que mudou e alguns dos imóveis de valor histórico que estão sendo recuperados por essas mudanças: 

Fachada da galeria A Gentil Carioca.

Travessa Dona Paula

A pequena vila de Higienópolis, encravada entre as ruas da Consolação e Avenida Angélica, próximo ao cemitério, foi tombada Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) por resguardar a arquitetura das casas de classes trabalhadoras da cidade em um bairro repleto de palacetes desde o início do século passado.

Com foco em jovens artistas e olhar crítico às disciplinas tradicionais de arte, o Projeto Vênus é um escritório de arte dirigido pelo curador Ricardo Sardenberg, inaugurado em março do ano passado, virtualmente e em uma sobreloja na Vila Buarque. Em 2021, a galeria mudou-se para a vila e mesmo antes vem apresentando exposições individuais de artistas como Adriana Coppio, Camile Sproesser, Yan Copelli e Janina McQuoid.

A Gentil Carioca se apresenta como um lugar para pensar, produzir e celebrar a arte. Fundada pelos artistas Márcio Botner, Ernesto Neto e Laura Lima, se estabeleceu no centro histórico do Rio de Janeiro em 2003, acima de dois modestos sobrados construídos na década de 1920 no Saara, região fundada por imigrantes árabes e judeus no século passado e que abriga o maior mercado aberto da América Latina. A galeria consagrou-se como uma das mais reconhecidas fora do Brasil, participando de importantes feiras na Europa e nos EUA.

Aos 18 anos de atividades, em 2021, A Gentil Carioca se avizinhou do Projeto Vênus, e abriu um braço de suas atividades na capital paulista em um dos sobrados na Travessa Dona Paula, que promete ser um reduto singelo às artes enquanto permanece próximo ao movimento e caloroso caos do centro paulistano. 

Fachada do Projeto Vênus.
Fachada da Bergamin & Gomide.
Fachada do Espaço C.A.M.A.

Vila Modernista de Flávio de Carvalho

Outro polo de peso recente para o circuito das artes é a Vila Modernista de Flávio de Carvalho. Construída entre 1936 e 1938, a Vila é constituída de 17 casas divididas entre a Rua Ministro da Rocha de Azevedo e a Alameda Lorena, todas diferentes entre si, e características do multiculturalismo do arquiteto Flávio de Carvalho, que visava transformar o cotidiano do homem moderno em todos os seus aspectos, em oposição à lógica individualista da cidade. Depois de arquivado o processo de tombamento da Vila Modernista pelo Conselho Municipal de Patrimônio, e correndo risco de vida, os projetos de Flávio de Carvalho passaram a servir de casa para galerias que as devolveram a possibilidade do proveito coletivo.

Fundada como um espaço independente, o “Phosphorus”, em 2011 por Maria Montero, a tornou-se galeria comercial em 2016, ainda no endereço do marco-zero da cidade. A mudança para os Jardins, ocupando a casa 2 da Vila Modernista, ocorreu em 2019, para a expansão do alcance comercial da galeria. A Sé representa 19 artistas brasileiros, a maioria deles trabalhando com a galeria desde sua fundação.

Seguindo essa mesma linha de movimento renovador, o Espaço C.A.M.A. abriu suas portas na casa 4 da Vila de Flávio de Carvalho. Fundado em janeiro, o projeto colaborativo reúne a galeria portuguesa Kubikgallery, a carioca Cavalo, a mineira Periscópio e as paulistas Casanova e 55SP em uma plataforma coletiva, que apresenta os artistas das cinco casas em um só endereço para o público paulistano. 

Em maio, a Galeria Bergamin & Gomide expandiu seu alcance com uma segunda localização, também na Vila Modernista. Valorizando a arte brasileira no mercado secundário e abrindo frente para o primário, a galeria segue projetos baseados em pesquisa e curadoria de processos e percursos artísticos.

Vista da exposição "Cropped", de Edu de Barros, no espaço da Sé Galeria. (Foto: Guilherme Sorbello)
Galpão da Fortes D'Aloia & Gabriel.

Barra Funda

Situado entre a Santa Cecília, Perdizes e a várzea do Rio Tietê, o antigo bairro operário da Barra Funda, repleto de armazéns e trilhos, surge como a grande aposta para novos empreendimentos do circuito de arte. Além dos diversos ateliês de artistas na região e alguns espaços autônomos, o bairro está na mira de importantes galerias.

A Fortes D’Aloia & Gabriel, por exemplo, renovou as estruturas de seu galpão e o transformou em sede paulistana da galeria. Inaugurado em 2008 e reformado em 2020/21, é um galpão rústico e industrial com vão livre de 1.500 m², simultaneamente um espaço para exposições, depósito de obras e sala de exibição. Painéis móveis são reconfigurados regularmente, oferecendo ao público uma experiência diferente a cada visita.

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