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Paula Nunes
17 Jan 2022, 1:16 pm

2022 é um ano cheio de programações culturais, releituras e reflexões importantes sobre a história da arte brasileira e a construção identitária do país. Há 200 anos, o Brasil se tornava independente. Há 100 anos, acontecia a icônica Semana de Arte Moderna de 1922, que declarou independência na arte a seus próprios modos. 

Essas e outras efemérides marcam o calendário cultural de 2022, que promete, além das devidas revisões e reparações, apontar para histórias e artistas emergentes que podem nos ajudar na construção de um futuro.  

Separamos as mostras imperdíveis que acontecerão em quatro das principais instituições culturais brasileiras: Masp, Pina, IMS, MAM-Rio. Confira!

Individuais

Daido Moriyama: uma retrospectiva

26.03–14.08

A mostra é a primeira grande retrospectiva latino-americana que se dedica a apresentar o trabalho de Daido Moriyama (Ikeda, Japão, 1938), um dos maiores fotógrafos japoneses vivos. Com uma carreira que despontou no pós-guerra, Moriyama apresenta mais de 200 trabalhos e uma centena de publicações que abordam momentos da trajetória do artista, desde seu interesse pela ocupação americana, aos períodos reflexivos nos anos 1980 e 1900.

Walter Firmo

30.04–11.09

As principais obras do fotógrafo Walter Firmo (Rio de Janeiro, 1937), cujo acervo está sob a guarda do IMS, estarão em cartaz na mostra retrospectiva. Firmo é fotojornalista e, ao longo de 70 anos, documentou personagens e lugares icônicos do país, além de importantes manifestações culturais e religiosas.


Coletivas

 

Modernidades fora de foco: a fotografia e o cinema no Brasil, 1889-1930

13.09–26.02.2023

A mostra coletiva debate temas marginalizados nos estudos sobre o modernismo no Brasil, questionando a hegemonia do projeto da modernidade artística. A exposição olha para e questiona a ausência do cinema e da fotografia na semana de 22 e mostra o processo de urbanização de alguns dos principais estados e cidades do país.

Rio de Janeiro: Pequenas Áfricas

13.09–19.02.2023

“Pequena África” é como o centro da cidade do Rio de Janeiro era conhecido na primeira metade do século XX. A mostra, que olha para a pluralidade dessa realidade, tem em seu cerne as relações entre cultura popular e erudita, o centenário da primeira emissão em rádio do país e a emergência do samba e de terreiros, tendo em mente as modificações urbanísticas da modernidade.

Xingu

08.10–02.04.2023

Celebrando 60 anos da criação do Parque Nacional do Xingu, a mostra homônima confronta o que se compreende como a identidade brasileira, trazida à tona nos debates em torno dos 200 anos da Independência do Brasil. Nesse sentido, “Xingu” parte das culturas históricas de povos originários do Brasil para, aí sim, entender e reconhecer a independência do país.

Grupo Ruptura, 70 anos

02.04–03.07

Na onda de mostras que exploram e estudam a história da arte brasileira, o MAM de São Paulo recebe uma exposição histórica sobre os 70 anos do Grupo Ruptura – formado por artistas que expõem no MAM desde 1952. 

A mostra propõe revisar criticamente o legado da arte construtiva no Brasil – e que alimentou diversos e intensos debates na cena artística da época.

Lenora de Barros

02.04–03.07

Uma instalação com uma grande aranha de metal relembra o passado do museu, nos ajudando a superar perdas e a vislumbrar um possível futuro.

Na sala de vidro do MAM de São Paulo, Lenora de Barros firma um diálogo com “Aranha” de Louise Bourgeois, de 1996, exposta no MAM por cerca de 20 anos – e que faz parte de um extenso grupo de trabalhos, constituídos de esculturas de aranhas em grande escalas e que exploram, para a artista, noções de controle e liberdade.

37º Panorama da Arte Brasileira

23.07–15.01.2023

O Panorama de Arte Brasileira, apresentado pelo MAM de São Paulo, é uma das exposições mais tradicionais do país e acontece desde 1969.

Intitulado “Sob as cinzas, brasa”, o 37º Panorama acontece marcado pelos eventos emblemáticos que aniversariam em 2022: a Independência do Brasil e a Semana de Arte Moderna.

A tradicional mostra, que acompanhou e impulsionou alguns dos mais importantes movimentos e artistas brasileiros, revisita esses momentos e busca uma separação da herança colonial brasileira a partir da arte contemporânea.


Terra em tempos

Março, 2022

200 obras fotográficas dos acervos do MAM do Rio provocam uma reflexão sobre as construções de identidade nacional a partir da imagem. Além das fotografias, uma instalação da artista Aline Motta foi comissionada para a mostra, que se divide em sete núcleos fabulativos que propõem diálogos entre diferentes temporalidades.

Nakoada

Julho, 2022

Com curadoria de Denilson Baniwa, a mostra soma aos esforços que revisam os discursos de legitimação de um ideal modernista moldado em torno do apagamento de pessoas, narrativas e criações não centrais ao movimento artístico e que originem outras visões de mundo. “Nakoada” seria uma re-antropofagia, a capacidade de assimilar informações não-indígenas para construir narrativas anticoloniais para a continuidade da vida e saberes indígenas.

Volpi popular

25.02–05.06

As icônicas bandeirinhas de Volpi (Luca, Itália, 1896 – São Paulo, Brasil, 1988) dão continuidade à série do museu que foca em artistas do modernismo brasileiro com referências vernaculares. Dividida em núcleos, a mostra reúne cem pinturas do artista e monta um panorama de sua vida e carreira, dedicadas ao imaginário popular.

Abdias Nascimento: um artista panamefricano

25.02–05.06

Abdias do Nascimento (1914-2011) foi artista, intelectual, ativista político, dramaturgo, ator, escritor e diretor. As 60 obras reunidas na mostra enfatizam o envolvimento pessoal e criativo do artista com o movimento pan-africanista, com o imaginário ladino-amefricano e o papel fundamental de Abdias do Nascimento na história do Brasil.

Luiz Zerbini: a mesma história nunca é a mesma

01.04–05.06

Esta exposição individual de Luiz Zerbini pretende questionar a versão dada da história partindo da pintura “A primeira missa”, que contesta a narrativa em torno da obra homônima de Victor Meirelles. Na mostra, com expografia de Lina Bo Bardi, outras batalhas e momentos da história brasileira, dentre os quais a própria fundação do Brasil, são repensados e reimaginados em pinturas de grande dimensão comissionadas para a mostra.

Histórias brasileiras

01.06–30.10

Dando continuidade às exposições dedicadas às histórias no MASP, “Histórias brasileiras” coloca a história do Brasil no plural e apresenta novas narrativas visuais, mais diversas e inclusivas sobre o país, que comemora o bicentenário da independência. O foco da curadoria, que inclui a historiadora Lilia Schwarcz, dessa vez não fica na história da arte, mas nas histórias sociais e políticas, sejam elas íntimas ou públicas, organizadas em sete núcleos: mapas e bandeiras, paisagens e trópicos, rebeliões e revoltas, religiões, festas, terra e território e retratos.


Dalton Paula: retratos brasileiros

29.07–30.10

Complementar e paralela às “Histórias Brasileiras”, a exposição “Dalton Paula: retratos brasileiros” reúne pinturas do artista, que trabalha criticamente acontecimentos históricos e a trajetória da população negra no Brasil. Os retratos apresentados mostram homens e mulheres negras que estiveram à frente de movimentos por liberdade e justiça racial ao longo dos anos e que sofreram apagamentos na história brasileira.

Judith Lauand

25.11–02.04

No ano em que completa 100 anos, Judith Lauand (Pontal, São Paulo, 1922) ganha uma exposição individual no MASP. A artista foi a única mulher a integrar o Grupo Ruptura, essencial para a arte concreta no Brasil. Pela primeira vez em cartaz no museu, Judith Lauand apresenta 70 obras, entre pinturas, desenhos e colagens.

Joseca Yanomami: desenhos

01.07–30.10

Na mostra, são reunidos 93 desenhos do artista visual Joseca Yanomami, integrante da comunidade Watoriki, da Terra Indígena Yanomami no rio Uxi u, em Roraima. As obras representam elementos e histórias de vida, do cotidiano, contexto e cosmologia Yanomami e anunciam o tema de histórias do museu em 2023, que foca em histórias indígenas.

Madalena dos Santos Reinbolt

25.11–2023

Os “quadros de lã” de Maria Madalena do Santos Reinbolt (Vitória da Conquista, Bahia, 1919 – Petrópolis, Rio de Janeiro, 1979) figuram cenas rurais, de cotidiano no campo sempre com uma atenção especial à cultura afro-brasileira. Os quadros, compostos cuidadosa e detalhadamente, indicam a revisão do padrão que atribui o bordado à mulher, à família e ao lar, e estarão em cartaz até 2023.

Cinthia Marcelle

09.12–2023

Pela primeira vez em exposição monográfica em um museu paulista, obras da artista mineira Cinthia Marcelle (Belo Horizonte, 1974) estabelecem relações com a arquitetura do museu, o eixo temático anual e a história da instituição. Cinthia Marcelle questiona a ordenação dos sistemas do mundo através da observação cuidadosa do cotidiano.

Pina Luz

 

Adriana Varejão

26.03–01.08

A Pinacoteca de São Paulo recebe uma mostra panorâmica da produção de Adriana Varejão (Rio de Janeiro, 1964). As obras da artista ocupam sete salas da Pinacoteca, além do Octógono, que receberá obras recentes da série “Ruínas”. A exposição ressalta o viés crítico da produção da artista, que trabalha os processos violentos por trás da construção da nação.

Dalton Paula

27.08–30.01.2023
Projeto Octógono Arte Contemporânea

Uma obra inédita em que Dalton Paula (Brasília, 1982) aborda as raízes da violência racial na história brasileira dá continuidade ao Projeto Octógono, que recebe trabalhos site specific desde 2003.

Pelas ruas: vida moderna e diversidade na arte dos Estados Unidos

17.08–30.01.2023

Fruto da parceria com a instituição Terra Foundation for American Art, a mostra “Pelas ruas: vida moderna e diversidade na arte dos Estados Unidos” olha para o período entre 1893 e 1976 e para questões e debates sociais, de classe e econômicos em voga Estados Unidos na época. Estarão em cartaz cerca de cem obras de artistas como Andy Warhol, Edward Hopper e Geórgia O’Keefe.

Lenora de Barros

08.10–10.04.2023

A última exposição do ano na Pinacoteca Luz reúne trabalhos de Lenora de Barros (São Paulo, 1953), conhecida por interseccionar a prática poética e a arte visual. A mostra destaca as questões de gênero trabalhadas nas suas produções multimidiáticas.


Edifício Estação Pinacoteca

 

Ayrson Heráclito

02.04–15.08

Como parte do programa de exposições panorâmicas, as relações entre elementos sagrados e a arte desenvolvidas por Ayrson Heráclito (Bahia, 1968) em cartaz na Pinacoteca no segundo semestre de 2022. O artista une práticas do candomblé a crítica social e à violência praticada contra a população negra, fundamentando sua narrativa em simbologias e rituais.

Jonathas de Andrade

24.09–28.02.2023

A obra de Jonathas de Andrade (Alagoas, 1982), artista que representa o Brasil na Bienal de Veneza, é apresentada em mostra panorâmica na Pinacoteca Estação. Práticas decoloniais, críticas sociais e políticas, e um corpo de trabalho que se desenvolve em torno do imaginário do nordeste do país.

Coleções na coleção

26.02–15.08

A mostra “Coleções na coleção” apresenta trabalhos que compartilham o princípio da obra de Bruno Faria “Introdução à História da Arte brasileira 1960-1990”. A instalação é composta de 168 discos de vinil, sendo cada capa desenhada por artistas brasileiros, como Hélio Oiticica e Regina Vater, e levou a Pinacoteca a explorar a ideia de coleções reunidas por artistas

Revistas: um projeto moderno

17.09–16.01.2023

Klaxon, Estética, Verde, e outras publicações importantes ao modernismo brasileiro, pertencentes à coleção Ivani e Jorge Yunes, foi o berço onde nasceu o conceito da exposição. Na mobilização de olhar novamente e reaprender o modernismo, a mostra o detalha a partir de ensaios, manifestos, ilustrações e projetos gráficos organizados e publicados pelos artistas que lideraram o modernismo.

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