Terceiro andar do Pavilhão reúne grandes galerias, antiquários e criadores independentes que formam uma linha do tempo do design brasileiro

19 mar 2018, 16h18

Traçar um limite definitivo entre arte e design nunca foi tarefa fácil. Para a SP-Arte, a linha entre essas duas expressões é tão tênue e difusa que preferiu unir suas forças a fim de dar maior potencialidade ao Festival. Em sua 14edição, o evento multifacetado organiza, pelo terceiro ano, o setor dedicado ao design: galeristas, artistas, designers, colecionadores e público transitam entre ambas expressões com ainda maior proximidade e diálogo.

Com 33 expositores, o terceiro andar do Pavilhão constrói uma linha do tempo do design brasileiro: começando por móveis coloniais, passando pelos consagrados mobiliários modernos até o design autoral contemporâneo e arrojado que vem conquistando o mercado internacional. Por ali, estão reunidos os grandes nomes do design autoral que ditam tendências de mercado, antiquários, instituições e projetos especiais de arquitetos. Para a edição, ainda mais uma grande novidade: o Festival passa a abraçar designers independentes.


Novo calendário do design

“Sozinhos temos uma capacidade de mobilização muito menor do que se nos unirmos com outros designers e galerias de arte”, conta Gerson de Oliveira, um dos sócios da galeria Ovo, que participa do setor desde a primeira edição, em 2016. “No começo, por ser novidade, as pessoas nos visitavam por curiosidade. Ano passado, o público aumentou muito e as pessoas já passaram a entender que o setor veio para ficar”, completa. Para Jacqueline Terpins, também veterana do setor, a SP-Arte instituiu um calendário para o setor do design “Eu e meus colegas passamos a nos organizar para lançar produtos, dar maior visibilidade às nossas marcas e funcionar de acordo com essa nova agenda”, explica.

Trabalhando na fronteira entre diversos campos do conhecimento, a Micasa Vol B, uma caloura por ali, abarca também a arquitetura, ao apresentar obras dos ícones do surrealismo catalão Salvador Dalí e Antoni Gaudí. Já a Prototyp& expande suas conexões para o conhecimento ancestral xamânico e indígena para apresentar a campanha Red Road. A criatividade é o limite quando o assunto é arte.


Modernos não saem de moda

Impossível falar de design brasileiro sem dar destaque ao modernismo de Lina Bo Bardi, Sergio Rodrigues, Jorge Zalszupin, Oscar Niemeyer… Galerias como a Apartamento 61, Etel, Loja Teo e Artemobília darão conta do recado. Com o intuito de oferecer maior interação com o público, Graça Bueno, galerista da paulistana Passado Composto Século XX, irá construir um ambiente que transporta os visitantes para uma sala dos anos 1960. “A pessoa não vai apenas sentar numa cadeira do Sergio Rodrigues, mas também folhear uma Revista Manchete e ver fotos e documentos que constroem o universo da época”, diz.

Enquanto isso, a estreante Herman Miller apresenta peças modernistas internacionais de nomes como George Nelson, o casal Charles e Ray Eames e o artista nipo-americano Isamu Noguchi que se tornaram clássicos do design industrial e tinham como prioridade a tecnologia aliada ao conforto. Algumas de suas criações, a exemplo da “Aeron Chair”, foram até parar em coleções de museu, como o MoMA!


Pequenos grandes criadores

Quem são os autores não representados por uma grande galeria? Nesse ano, esses designers independentes também são contemplados no Festival, que funciona como uma vitrine para oxigenar esta produção. Brunno Jahara, do Jahara Studio, por exemplo, decidiu participar do Festival depois de um bom tempo fora desse circuito: “O público que vai ver arte no Pavilhão está aberto a enxergar o design com outro olhar. Tenho uma produção em menor escala, de séries limitadas e ali eu sinto que tenho espaço para apresentar esse tipo de trabalho”, conta o carioca.

A paulistana Ana Neute levou em conta o gosto do público do evento pelas artes plásticas para produzir sua série de luminárias: ela investigou o capim dourado, vegetação natural do Jalapão, para unir seu uso com materiais como latão e vidro. “Vai ser muito legal e novo estar inserida nesse mundo do mercado da arte”, conta. Assim como ela, outros nomes como Gustavo Bittencourt, Domingos Tótora e Maneco Quinderé, que também estão entre os doze nomes contemplados no setor independente deste ano, preparam peças novas para a estreia. Agora só resta esperar a surpresa.


Ainda não acabou!

Firma Casa, Hugo França, Herança Cultural, Estúdio Paulo Alves e Indio da Costa são só mais algumas das galerias contemporâneas presentes no espaço. Mas se você preferir antiguidades, opte por passear pelos antiquários: Cristiane Musse traz seus achados diretamente da Bahia, Sandra & Marcio de Minas Gerais e Resplendor e Homenco representam os garimpos paulistanos.

Entre os projetos especiais estão a exposição do Museu da Casa Brasileira que vem ao Pavilhão a convite do Festival para mostrar suas peças destacadas no Prêmio MCB e o Projeto de Arquitetos que dá conta de representar essa área do conhecimento. A exposição reúne mobiliários de Kiko Salomão, Fernanda Marques, Bel Lobo, Ruy Ohtake e o escritório Triptyque. Prepare-se para ir com tempo para o terceiro andar – como se vê, o que não falta por lá é design criativo e de altíssima qualidade.


Confira aqui lista completa de participantes do setor.

 

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