Com o dia 31 de dezembro batendo à porta, chega a hora de fazermos nossas listas de presente de fim de ano. E nada melhor que um livro de arte para fazer bonito

13 dez 2018, 16h12

por barbara mastrobuono

 

Com o dia 31 de dezembro batendo à nossa porta, chega a hora de fazermos nossas listas de presente de final de ano. Depois de um 2018 tumultuoso nada melhor que voltar nosso olhar à riquíssima linha editorial brasileira para encontrar o presente perfeito (seja para os outros, seja para você mesmo). Para tentar ajudar, fiz uma lista de dez livros que deixaram seus rastros em minha leitura recente. São catálogos, monografias, livros de artista e até um título infantil. Projetos gráficos exuberantes e conteúdos que não só ensinam como também atravessam.

 

Uma ótima virada para todos nós.


Mulheres radicais: Arte latino-americana, 1960-1985

Em 2018, a Pinacoteca do Estado de São Paulo trouxe para o Brasil a exposição “Mulheres Radicais: Arte latino-americana, 1960-1985“. Com curadoria de Cecilia Fajardo-Hill e Andrea Giunta, a exposição reflete dez anos de pesquisa sobre artistas mulheres na América Latina dos anos 1960 a 1985. O catálogo da exposição conta com textos que focam individualmente diversos países latino-americanos e a história da arte local como movimentada por mulheres durante este recorte temporal. Os textos são lindamente ilustrados com imagens de referência de obras de diversos períodos, além de contar com uma galeria de fotos das obras que compõe a exposição. Uma ótima leitura de final de ano, além de uma reconfiguração da história da arte como a conhecemos atualmente.


Conflitos: Fotografia e violência política no brasil 1889-1964

Catálogo da exposição homônima de curadoria de Heloisa Espada, “Conflitos” traz um panorama da fotografia de guerras civis e outros conflitos armados do período entre a Proclamação da República e o golpe de 1964. O livro, assim como a exposição, coloca em cheque a imagem estabelecida do Brasil como país pacífico, oferecendo novo olhar sobre nossa política nacional e criando assim uma chave de leitura para o momento político atual pelo qual nosso país está passando.


Hilma af Klint: Mundos possíveis

Hilma af Klint (1864-1944) foi uma pintora sueca que em vida ficou conhecida por pintar paisagens. Após a morte da artista, foi descoberto que ela mantinha uma prática secreta, pintando mundos invisíveis a partir de desenho automático e escrita, antecipando em mais de 30 anos as técnicas dos surrealistas. af Klint integrou o grupo As Cinco, um coletivo de cinco mulheres que produziam por meio do contato travado com seres espirituais elevados. Atualmente, a sueca vem se estabelecendo como um dos nomes mais fortes da tradição surrealista na história da arte. O catálogo da exposição da Pinacoteca do Estado de São Paulo, “Hilma af Klint: Mundos possíveis“, é a primeira edição latino-americana dedicada à artista, e conta com reproduções de suas obras de maior destaque, além de textos inéditos de Jochen Volz, Daniel Brinbaum e Daniela Castro.


Marina Rheingantz: Terra líquida

Terra líquida” é a primeira monografia da artista paulista Marina Rheingantz (Fortes D’Aloia & Gabriel). Com mais de setenta reproduções de obras da artista, o livro também traz ensaio do curador Rodrigo Moura. Um dos nomes mais fortes da geração contemporânea de pintura, Rheingantz já conta com exposições individuais nos Estados Unidos e no Japão, e passagens por exposições coletivas como a Biennal of Painting, na Bélgica.


Cildo - estudos, espaço, tempo

O início de 2018 foi marcado com o lançamento muito especial de “Cildo – estudos, espaço, tempo“. O livro, organizado por Diego Matos e Guilherme Wisnik, apresenta uma seleção de 12 textos críticos, ambos nacionais e internacionais, contemplando a trajetória artística de Meireles desde sua primeira exposição, em 1969, até a atualidade. A edição é lindamente ilustrada por imagens das obras instaladas, acompanhadas de desenhos e esboços que expõe o processo de criação do artista. Este é, atualmente, o único livro sobre Cildo Meireles disponível no mercado.


05007-002 05005-060

A série fotográfica “05007-002 05005-060” do artista carioca Marlos Bakker (Galeria da Gávea) ganhou versão impressa pela editora Madalena, com projeto do estúdio Bloco gráfico. Nela, o artista aproxima a realidade cotidiana de dois espaços que enxerga da janela de sua casa, separados por um muro: uma vila antiga, com seu asfalto imperfeito, e um prédio neoclássico recém-construído com sua piscina e varanda gourmet. Bakker passou meses registrando os dois lados do muro e acompanhando os desentendimentos que se desenrolavam entre os ambientes, um reflexo da vivência conjunta maior do país. Por meio de interferências no padrão formal da fotografia, o artista tenta estabelecer um diálogo entre os dois lados do muro. O livro entrou para a lista dos dez melhores livros de fotografia pela ZUM/IMS em 2017, seu ano de lançamento.


Freme - Kenneth Goldsmith

Em 1997, o artista Kenneth Goldsmith sentou sozinho em seu apartamento munido de um gravador e microfone, e procedeu a registrar todos os movimentos do seu corpo das dez da manhã às dez da noite, produzindo uma escrita mecanizada na qual o corpo é destituído de seu papel de personagem, e os entornos narrativos se dissolvem em uma ação puramente corporal. A ação de Goldsmith foi apresentada como performance no Museu Whitney em 1998 por Theo Bleckmann, e por fim publicada na íntegra em 2000 pela Coach House Books sob o título “Fidget”. Em 2016, a plataforma par(ent)esis publica “Freme“, trazendo a performance escrita de Goldsmith para o público brasileiro, em edição com tradução de Caetano Galindo.


Desenho da utopia

O fotógrafo Ruy Teixeira e o historiador Jayme Vargas se juntam para criar o livro “Desenho da utopia“, um panorama visual e teórico do móvel moderno brasileiro dos anos 1940 a 1970. Enquanto o texto de Vargas conduz o leitor pela pulsante história do modernismo brasileiro, Teixeira nos apresenta com um rico ensaio fotográfico no qual registra as peças em questão inseridas nas casas de seus donos, cenários contemporâneos na qual dialogam com uma produção vasta de arte brasileira em diferentes plataformas. São nomes como Joaquim Terneiro, Sergio Rodrigues, Lina Bo Bardi e muitos outros designers brasileiros de peso.


Arte Brasileira para Crianças (100 artistas e atividades para você brincar)

O presente perfeito para crianças e, convenhamos, adultos também. “Arte brasileira para crianças” apresenta cem grandes nomes da arte brasileira, completo com biografia resumida e panorama das obras de cada artista. O livro ainda propõe atividades inspiradas nos trabalhos de cada um, instigando a aproximação com a arte por meio da prática. As crianças conhecerão nomes como Alfredo Volpi, Candido Portinari, Leonilson, Lygia Clark, Nuno Ramos e outros.


Barbara Mastrobuono é editora da SP-Arte. Já trabalhou em casas editoriais como Cosac Naify e Editora 34, e atuou como coordenadora editorial da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

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