Ulisses Carrilho (EAV), Taisa Palhares (Unicamp), Rejane Cintrão (Inst. Figueiredo Ferraz), Diego Matos e Catarina Duncan (independentes)

5 abr 2019, 22h15

Inúmeros críticos, curadores e curadoras de arte visitam o Pavilhão da Bienal durante a SP-Arte. Alguns destacaram quais artistas e obras chamaram sua atenção neste 15ª Festival. Confira!


Ulisses Carrilho

“A Galeria Paulo Darzé, de Salvador, trouxe trabalhos de Agnaldo Manoel dos Santos sem cair no pormenor de classificá-lo como primitivo ou ingênuo. Suas esculturas, legitimamente brasileiras, trazem algo dos totens e de esculturas africanas com um quê sincrético. Há também na Feira uma pintura de Leonilson, no Cravo Escritório de Arte, que mimetiza a pele de um animal mas sem identificar qual é. Como várias obras do artista, ele cria essa ambiguidade entre a figuração e a abstração. A Laura Lima marca presença no estande do Parque Lage, com suas máscaras que aludem a questões políticas bastante urgentes, e também no estande da A Gentil Carioca, com peças tridimensionais que são telas vestidas com tecidos, formando um desenho abstrato e um retrato ao mesmo tempo. Destaco o trabalho do Marepe (Gaeria Luisa Strina e Lounge Iguatemi) também, com a pujança e presença de suas esculturas, próximas do cotidiano, com algo de universal e de local, do Brasil.”

 

Ulisses Carrilho, da Escola de Artes Visuais Parque Lage


Taisa Palhares

“Por uma questão de afirmação política, indicarei apenas artistas mulheres e brasileiras. As obras que vou indicar também foram muito favorecidas pela montagem do estande. A primeira artista que indico é a Maria Leontina, tanto no estande da Bergamin e Gomide, no setor Masters, quanto os quadros que estão nas galerias do primeiro andar. São obras que eu nunca tinha visto, que estão reaparecendo agora. Acredito que ela seja uma dessas grandes artistas brasileiras que merece um estudo mais aprofundado de sua carreira. A segunda artista vai um pouco nessa linha: é a Letícia Parente (Galeria Jaqueline Martins). Gostei muito do espaço dela no Masters, dá pra ver bem o trabalho. É uma artista de outra geração que nos próximos anos vai ganhar cada vez mais destaque. A terceira artista que gostei bastante é a Cinthia Marcelle, no estande da galeria Vermelho e da Silvia Cintra + Box 4. Achei a montagem muito incrível. A Cinthia é uma das grandes artistas contemporâneas brasileiras. Acho que os trabalhos dela merecem ser notados na exposição.”

 

Taisa Palhares, professora da Unicamp


Diego Matos

“Opto por destacar produções postas em evidência nos exercícios curatoriais destacados na Feira. No Solo, dedicado à América Latina, coloco em evidência três nomes: a chilena María Edwards na galeria Patricia Ready; o gaúcho Rafael Pagatini, na Oá Galeria; e o mineiro Randolpho Lamonier, na Periscópio. No setor Masters, destaco duas abordagens históricas: as pinturas de Carlos Zílio que colocam o artista mais distante de sua chave de leitura dos conceitualismos dos anos 1970 (Raquel Arnaud e Cassia Bomeny); e o estande dedicado às produções de Rubens Gerchman e Pedro Escosteguy, organizado pela Superfície. Por fim, chamo a atenção para o setor Performance, dessa vez menos escamoteado do conjunto da Feira e sugiro uma atenção ao trabalho ‘Atoritoleituralogosh’ de Cristiano Lenhardt, ganhador do Prêmio Aquisição SP-Arte. Para quem quiser, vale ver suas pinturas em jornal dispostas na galeria Fortes D’Aloia e Gabriel e as ‘pinturas afluentes’ na galeria Amparo 60.”

 

Diego Matos, curador independente


Catarina Duncan

Destaco alguns artistas, compreendendo o contexto, que são importantes de serem notadas em uma feira de arte. O No Martins (Baró Galeria) é um artista que vem da zona leste de São Paulo e circula bastante no universo do grafite, este que é sempre subjugado e distanciado das artes mas contém um conhecimento urbano fundamental. Ele transforma o suporte a partir dessa referência, realizando um deslocamento da cultura de rua. A obra de grande escala da Patricia Leite (Mendes Wood DM) também chama atenção. A artista traz um universo mineiro, de um tempo de interior, de festas populares. Ela traduz uma paisagem na tapeçaria circular, puxando outra perspectiva de paisagem. Sua pesquisa é muito forte e ficou por muito tempo fora dos holofotes. Destaco a pesquisa de Jorge de León (Ultravioleta), artista da Guatemala, país repleto de importantes artistas que muitas vezes desconhecemos por aqui. León participou de guerrilhas e entende a violência de estado em seu próprio corpo. Ele apresenta pequenas pinturas feitas a partir de notícias ou fotografias feitas por ele mesmo, retratando esta violência imposta por situações políticas de maneira bastante sensível. Por fim, vale citar o Desali (AM Galeria), artista de Contagem em Minas Gerais que, em suas pinturas, transforma sua vivência de uma situação urbana conflitante de forma bastante peculiar. Quando nos aprofundamos em sua pesquisa, percebemos um retrato social por trás dos tons pasteis e das sutilezas das obras.

Catarina Duncan, curadora independente


Rejane Cintrão

“Apontaria os trabalhos do artista conceitual inglês Sir Richard Long na Lisson Gallery. Oportunidade única para conhecer de perto obras de um dos mais importantes artistas conceituais do mundo, duas delas realizadas a partir de uma visita à Amazônia. Também destaco o trabalho de Cildo Meireles produzido para o Clube da Gravura do MAM. Para mim, ele é o mais importante artista internacional contemporâneo. E acredito que seja uma oportunidade incrível para um jovem colecionador ter uma obra deste grande artista brasileiro. E por fim, gosto da série “Almagesto”, de Feco Hamburguer, realizada este ano, em exposição na Janaina Torres Galeria. Uma linda surpresa para o visitante desavisado.

 

Rejane Cintrão, do Instituto Figueiredo Ferraz

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