SP-Foto 2019

Traço— #2

Por ocasião da SP-Foto 2019, a traço— #2 chega com conteúdo voltado à fotografia e à reflexão sobre a imagem. Aqui, repensamos o peso do contexto que tange a produção fotográfica, em todos seus possíveis sentidos — produção, exibição, recepção e tantos outros. As imagens, afinal, relacionam-se de forma fotossensível aos ambientes nos quais são inseridas e nos quais foram criadas; seu significado está em constante transformação aos olhos de uma sociedade que também está em constante transformação.

Gabriel Bogossian, curador convidado da 21ª Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, perfila os coletivos indígenas que irão expor no Sesc 24 de Maio este ano. A Bienal, sob o tema de “Comunidades imaginadas”, reúne diversas vozes para recontextualizar a ideia de nacionalismo. Bogossian relata a trajetória dos trabalhos de povos originários do Brasil que integram a mostra: “Guardiões da memória” (2018), “Jeguatá — caderno de viagem” (2018), “About Cameras, Spirits and Occupation: A Montage-Essay Triptych” [Sobre câmeras, espíritos e ocupações: um filme-ensaio em tríptico] (2018) e “GRIN” (2016).

Sarah Hermanson Meister, curadora de fotografia do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), compara o Foto Cine Clube Bandeirante (FCCB) ao Club Fotográfico de México (CFM) e observa de que maneira cada um se inseriu no universo maior de produção dos foto clubes latino-americanos. O texto antecipa a exposição dedicada ao FCCB que ocorrerá no MoMA em 2021. Mariano Klautau Filho, curador e artista, explora a reutilização de fotografias nos trabalhos de Miguel Rio Branco e Helena Martins-Costa, traçando uma linha tênue entre o documental e o ficcional na narrativa imagética.

Ainda nesta edição, Barbara Tannenbaum, curadora do Museu de Arte de Cleveland (EUA), analisa a jornada da fotografia de objeto comum a objeto artístico e sua consequente valorização dentro do mercado de arte, questionando-se sobre o impacto disso na prática como um todo. E, por fim, Thyago Nogueira, curador do Instituto Moreira Salles e editor da revista ZUM, indica três fotógrafas emergentes para ficarmos atentos: Aleta Valente (@ex_miss_febem), Aline Motta e Camila Falcão.

A — entretraço —, seção na qual convidamos um artista a intervir no espaço da revista, ficou a cargo de Marlos Bakker. Nessas páginas, é possível encontrar um desdobramento de seu “SDDS 3404”, trabalho em vídeo no qual Bakker constrói uma espécie de documentário com material de arquivo de um grupo de Whatsapp, o BRA SPOTTERS, em que pessoas de diferentes idades e vivências compartilham sua paixão por fotografar aviões. Para a traço—, o artista faz uma transcrição da quantidade de vezes que a sigla SDDS, abreviação para “saudades”, apareceu ao longo de quinze meses nas conversas do grupo, criando uma nova imagem a partir das palavras e dos sentimentos por trás das fotografias de avião.

É impossível negar que estamos sempre em movimento, ora avançando, ora retrocedendo. O tempo corre e nos arrasta junto. Usamos, sim, as imagens como baliza daquilo que é real, mas como qualificar a realidade em um mundo que nunca para de se movimentar? Os textos aqui apresentados são uma pequena amostra de diferentes formas em que podemos pensar e qualificar o entorno, e como essa qualificação está sujeita à transformação constante. Assim como deve ser.

Distribuição gratuita
112 páginas, 20,8 x 27 cm
Bilíngue português / inglês

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