"Mirage Stage", de Nam June Paik (Foto: Kristina García / Museo Reina Sofia)
Videoarte

Videoarte: 11 artistas que trabalham essa expressão!

SP–Arte
4 jun 2018, 17h26

Exposições de videoarte se espalharam pela cidade de São Paulo recentemente. O britânico Douglas Gordon no Instituto Moreira Salles, o norte-americano Bill Viola no Sesc Avenida Paulista, o brasileiro Ayrson Heráclito no Masp e o franco-tunisiano Ismaïl Bahri no Espaço Cultural Porto Seguro mostraram as possibilidades dessa expressão – ainda recente na história das artes visuais.

Consolidada nos anos 1960, a videoarte se desenvolve a partir da difusão dos meios audiovisuais. Performances e happenings passam a ser registradas, instalações incorporam grandes monitores e o próprio vídeo se torna uma linguagem elementar na produção artística moderna e contemporânea. Vito Acconci, Nam June Paik – mencionado abaixo – e Bill Viola são alguns dos nomes que ajudaram a construir essa trajetória.

Para compor uma lista com importantes videoartistas, pedimos a produtores culturais e curadores que escolhessem personagens representativos dessa expressão. Nomes icônicos e jovens talentos – do Brasil e do mundo – foram mencionados por Solange Farkas, Roberto Cruz e Gabriel Zimbardi. Confira a seguir!

Acima: "Mirage Stage", de Nam June Paik (Foto: Kristina García / Museo Reina Sofia)

Saiba mais sobre os artistas mencionados por Solange Farkas – para navegar pela playlist, clique no topo esquerdo da imagem e visualize todos os vídeos!

11 videoartistas para conhecer! – Parte 1

Solange Farkas

“Existe um universo extraordinário de artistas que poderiam compor esta lista. Fiz uma escolha de quatro que, para mim, são emblemáticos para entender a trajetória da videoarte desde o seu começo na década de 1960 até o cenário atual da arte contemporânea levando em conta uma representação global desta expressão.”

 

Nam June Paik (Coreia do Sul, 1932)

“Pioneiro entre os pioneiros, ajudou a transformar completamente a maneira como entendemos o vídeo.” Mais do que se utilizar da tecnologia, Paik a manipulava em busca da estética e do conceito desejados.

Pipilotti Rist (Suíça, 1962)

“Uma artista que incorpora aspectos fundamentais do feminismo, do corpo e da performance em seus vídeos e traz às imagens e à música uma unidade orgânica ímpar.”

Marcellvs L. (Minas Gerais – Brasil, 1980)

“Um dos grandes nomes brasileiros, sua série de ‘Vídeo-Rizomas’ se vale de concepções de Deleuze e Guattari para propor narrativas fragmentadas e a dilatação do tempo cronológico.” Para os filósofos franceses, “rizoma” representa a ideia de que o pensamento e a história se abrem como raízes e não seguem necessariamente uma lógica linear. A obra do artista está em cartaz na Galeria Luisa Strina (SP), até 4 de agosto.

Yang Fudong (China, 1971)

“Com suas sequências de paisagens lentas e silenciosas em preto e branco, Fudong propõe uma imersão ímpar e algo surrealista sobre a China contemporânea.”

 

Solange Farkas é diretora da Associação Cultural Videobrasil, criada por ela em 1991, e do Galpão VB, sede da Associação desde 2015, que reúne clássicos da videoarte, produções próprias e uma vasta coleção de publicações sobre arte. É também curadora geral do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil.

Veja alguns dos trabalhos de Eder Santos, Cao Guimarães e Letícia Ramos, listados por Roberto Cruz – para navegar pela playlist, clique no topo esquerdo da imagem e visualize todos os vídeos!

11 artistas para conhecer! – Parte 2

Roberto Cruz

Eder Santos (Minas Gerais – Brasil, 1960)

“Videoartista de projeção internacional, quase todas as suas obras em vídeo se caracterizam por uma sensorialidade audiovisual irresistível, marcadas por um frenesi de imagens que se articulam ao ritmo pulsante de uma trilha sonora. Como mosaicos eletrônicos, estas imagens são impuras, distorcidas e impregnadas de maneirismos tecnológicos, ressaltando as falhas, os ruídos e a instabilidade do sinal eletrônico.” É um dos pioneiros da videoarte nacional.

Cao Guimarães (Minas Gerais – Brasil, 1965)

“Em suas obras, o tempo é distendido, ressaltando o aspecto naturalista da representação e provocando, no espectador, uma maneira particular de percepção desses fragmentos de realidade capturados pela câmera do artista. Sintetiza nestes fragmentos de temporalidade dilatada a dimensão plástica da imagem, exercendo peso e transformando a realidade pela sua potencialidade estética.”

Letícia Ramos (Rio Grande do Sul – Brasil, 1976)

“Seu processo de criação passa pelo desenvolvimento técnico-científico de produção de imagens e dispositivos de projeção que ampliam e recriam a experiência de ver estas imagens. Mas, por que numa época tão marcada pelo desenvolvimento vertiginoso das tecnologias da informação e da imagem digital, Letícia se interessa por reinventar a experiência cinemática? Talvez uma resposta provável seja a da necessidade de se deslocar deste paradigma hegemônico da tecnologia e desta aparente simplificação do modo de produzir o movimento, de certa forma banalizado na atualidade devido aos tantos meios existentes.”

 

Roberto Cruz é curador independente e produtor cultural. Em 2016, fez a curadoria da mostra “Filmes e vídeos de artistas na Coleção Itaú Cultural”, que reuniu a história da produção audiovisual e da videoarte no Brasil.

Confira entrevistas com os videoartistas listados por Gabriel Zimbardi – para navegar pela playlist, clique no topo esquerdo da imagem e visualize todos os vídeos!

11 videoartistas para conhecer! – Parte 3

Gabriel Zimbardi

“Escolho com base em afeto, profunda admiração, frescor por conta de uma exposição e uma descoberta recente. Também decidi selecionar artistas em momentos distintos de carreira (estabelecida, meio de carreira e iniciante)”.

 

Dora Longo Bahia (São Paulo – Brasil, 1961)

“A artista tem o vídeo como parte fundamental de sua produção desde o final dos anos 1980. Trabalha com ficção, documentação e falsificação em vídeos que flertam com as várias estéticas do cinema e da história da arte. É também no vídeo que a artista põe em prática muitas de suas experiências colaborativas. Em 2016, lançou seu primeiro longa-metragem, ‘O caso Dora’. Em 2017, exibiu a vídeo instalação ‘Brasil x Argentina’ no ‘Panorama da arte brasileira’, no MAM SP, como fruto da Bolsa Zum de Fotografia.”

Luiz Roque (Rio Grande do Sul – Brasil, 1979)

“O artista utiliza diferentes técnicas em sua obra videográfica, misturando métodos analógicos e digitais. Seu olhar passeia por dentro do campo institucional da arte e pelo espaço público da rua, construindo um repertório iconoclasta.”

Guilherme Peters (São Paulo – Brasil, 1987)

“Peters não tem uma forma constante para sua produção em vídeo. Tanto formulação quanto técnica servem ao discurso. Suas obras já tomaram aparência de animação, de performance para a câmera com o uso cru da técnica (em referência à tradição da vídeo-performance brasileira dos anos 1970) e de longas e curta metragens com atores e roteiros narrativos. Sua câmera pode ser subjetiva ou objetiva em produções que se relacionam com a maneira mais clássica de produção cinematográfica, com cenários, figurino e trilha sonora originais.”

Youssef Nabil (Egito, 1972)

“Entrei em contato com a obra em vídeo de Nabil muito recentemente. Ele é conhecido por seu trabalho de fotografia (em especial de fotopinturas) desde os anos 1990. Na última década, o artista produziu dois curtas: ‘You Never Left’, de 2010, e ‘I Saved My Belly Dancer’, de 2015. Embora não seja um artista “do vídeo”, com essas duas peças, Nabil demostra impressionante intimidade com a câmera e com a linguagem cinematográfica, em especial com aquela mais típica do cinema egípcio. Seus filmes falam justamente do desaparecimento da cultura de seu país natal, ligando a turbulência política da região ao exílio do artista na França e nos Estados Unidos. O esforço de produção das duas obras é notável e faz lembrar artistas-cineastas como Julian Rosefeldt (que deveria estar listado aqui como tantos outros).”

 

Gabriel Zimbardi é produtor de exposições da Galeria Vermelho desde 2013. É também idealizador e programador da Sala Antonio, a sala de projeção da Vermelho voltada às produções fronteiriças entre cinema e artes plásticas.

 

#respirearte

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