Curadora de fotografia do MoMA, Sarah Meister antecipa debates da série Talks

17 ago 2015, 8h33

Sarah Meister desembarca na capital paulista nesta semana e traz sua experiência de 18 anos como curadora do Departamento de Fotografia do MoMA – Museum of Modern Art de Nova York para a série Talks/Foto: Reflexões, da SP-Arte/Foto/2015 – uma parceria com a revista ARTE!Brasileiros.

Marcados para os dois primeiros dias da feira, 20 e 21 de agosto (quinta e sexta-feira), os debates acontecem no Lounge One do 3o piso do Shopping JK Iguatemi.

Nesta entrevista exclusiva, concedida por e-mail, Meister antecipa temas que devem nortear sua palestra desta quinta. Confira!

SP-Arte: O MoMa foi um dos primeiros museus a incluir a fotografia em seu acervo. Como o museu se posiciona hoje em dia para manter o pioneirismo?

Meister: O objetivo de estarmos atentos a práticas artísticas contemporâneas pelo mundo não é algo limitado ao departamento de fotografia: a iniciativa de pesquisa que chamamos de C-MAP – Contemporary and Modern Art Perspectives (Perspectivas artísticas contemporâneas e modernas) é o programa interno de pesquisa e intercâmbio do MoMA dedicado à arte num contexto global. Lançado em 2009, o C-MAP nasce de uma longa história de relações internacionais no MoMA e examina o modernismo artístico além das estruturas providas pelas vanguardas da Europa Ocidental e da América do Norte. Para esse fim, o C-MAP reúne perfis e estabelece conexões com histórias, indivíduos e instituições que são pouco conhecidas para além de seus países de origem.

Além disso, este ano marca o trigésimo aniversário da New Photography, a exibição permanente de trabalhos fotográficos recentes. Por esta ocasião, a New Photography está se expandindo para 19 artistas e coletivos artísticos de 14 países, e inclui trabalhos feitos especificamente para essa mostra.

SP-Arte: O MoMA incorporou recentemente a seu acervo trabalhos de fotógrafos modernos e contemporâneos brasileiros, como Gaspar Gasparian, Regina Silveira e Alair Gomes. Fale um pouco sobre essas aquisições e sobre seu olhar para a fotografia no Brasil.

Meister: A cada sete ou oito anos o Departamento de Fotografia conduz uma revisão estratégica de suas prioridades, examinando virtudes e fraquezas da coleção do museu e identificando artistas, obras de arte específicas e movimentos que julgamos mais essenciais para adquirir. O C-MAP me possibilitou viajar para diversos países da América Latina, incluindo o Brasil, e conhecer um grande número de artistas, curadores, historiadores e escritores em Nova York e pelo mundo. Como resultado, consultando Quentin Bajac, Luis Perez-Oramas e outros colegas no museu, pude trazer um numero importante de fotógrafos latino-americanos para a coleção.

Falando especificamente do Brasil, temos nos focado na vitalidade criativa da década seguinte à Segunda Guerra Mundial como base de nossos esforços, além da explosão de praticas conceituais nos anos 1970 e começo dos 1980. E enquanto muitas de nossas aquisições recentes se encaixam nessas duas categorias, o desejo de representar a atividade contemporânea no campo da fotografia é uma meta igualmente forte e em curso.

SP-Arte: Como avalia o momento atual da fotografia latino-americana? Há diálogos com a cena contemporânea de outros países?

Meister: Acho fascinante que, mesmo hoje, o “momento atual” em São Paulo ou Rio de Janeiro seja bem diferente do “momento atual” em Buenos Aires, Lima, Santiago ou Cidade do México. Dito isso, há conexões essenciais entre cada uma delas e, talvez mais significativamente, entre essas capitais e outras pelo mundo. Os artistas não estão apenas conversando com outros artistas e praticando em continentes diferentes, mas os curadores também estão viajando e desenvolvendo familiaridades com práticas distantes das cidades nas quais estão baseados. E claro, tudo isso é complementado não apenas pela internet, mas pela quantidade de bienais internacionais, feiras de arte e plataformas examinando a arte contemporânea e ocasionalmente suas raízes históricas.

Uma das razões pela qual o museu procura adquirir trabalhos da América Latina é para colocar em diálogo com trabalhos adquiridos em outros países. De fato, em setembro, uma exposição de título “Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960–1980” (“Transmissões: Arte na Europa Ocidental e América Latina”), baseada inteiramente na coleção do museu, pretende fazer exatamente isso!

#spartefoto2015

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