Testemunho do Brasil moderno – Evandro Teixeira relata suas vivências como fotojornalista

27 Aug 2016, 2:27 pm

Um dos maiores fotojornalistas brasileiros, Evandro Teixeira saiu do interior da Bahia muito jovem, com sede de documentar o Brasil. Fatos marcantes da história do país, cenas pulsantes do esporte — tudo esteve na mira das lentes de Teixeira, que nos concedeu esta entrevista por e-mail. Sua obra está na SP-Arte/Foto/2016, é possível conferir de perto no stand da FASS.

 


SP-Arte: Seu trabalho é bastante ligado ao esporte e a temas políticos, você lança diferentes olhares sobre cada um desses universos quando vai fotografá-los?

Evandro Teixeira: Tento imprimir o meu DNA em todos os meus trabalhos, que é capturar a emoção do momento registrado. Mas, para isso, é muito importante que você se conecte ao cenário que está fotografando. A atmosfera. O clima das pessoas, do lugar. Se é esporte, por exemplo, as imagens devem transmitir superação, garra, paixão, emoção. Se o tema for político, certamente as imagens vão refletir uma tensão, que é uma característica comum destes momentos. Meu acervo do Golpe Militar de 68, por exemplo, reflete a violência, a censura do Brasil naquele ano. Até mesmo pelos ângulos das minhas fotografias, percebe-se que foram tiradas entre árvores, muros e outras formas que encontrei para não ser descoberto.   


SP-Arte: 
Você presenciou importantes momentos da história recente do Brasil. Qual lhe causou mais impacto? Por quê?

ET: As fotos de 68 me marcaram muito. Não só pelas circunstâncias em que foram tiradas. O fotógrafo quando consegue driblar as barreiras e registrar os fatos, se acha um super herói. É uma bobagem, mas é um sentimento real de orgulho que acontece. Mas a verdade é que as fotos, como foram únicas, ganharam um caráter histórico do ano e, ainda hoje, são observadas por tantas gerações que procuram resgatar a história recente de nossos país. Mas hoje, mesmo não fazendo parte de uma redação, procuro me credenciar ou participar dos fatos marcantes do Brasil, como a posse da nossa primeira presidente mulher.      


SP-Arte: O fotojornalismo transformou o seu jeito de enxergar o mundo e os fatos que testemunha até hoje?

ET: Certamente, cobrir fatos relevantes do seu país e do mundo, trazem uma visão geral do comportamento humano. Já viajei por vários países, cobri eventos e acontecimentos esportivos, do mundo da moda, da política, etc. Tudo isso, fica incorporado em você. Acho que me adapto bem em qualquer lugar. Por isso, saí jovem, do interior da Bahia, para desvendar o mundo e testemunhar e registar fatos.

 

SP-Arte: Quais fotógrafos e/ou fotógrafas lhe inspiram esteticamente?

ET: Muitos. Coleciono vários livros fotográficos. Procuro conhecer os trabalhos de fotógrafos recentes, novos olhares, novas tecnologias. Não gosto muito de citar alguns, pois certamente iria me esquecer de ótimas referências. Vão desde mitos como Henri Cartier-Bresson até meus professores, como Zé Medeiros, baiano, que me ensinou a fotografar.

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